O general António Faria Meneses afirmou esta quinta-feira que nunca pensou ser possível o furto dos paióis de Tancos e admitiu as suas responsabilidades enquanto comandante das Forças Terrestres (CFT) do Exército em 2017.
"Se o Exército falhou em Tancos, eu falhei em Tancos", assumiu, na audição na comissão parlamentar de inquérito ao furto de material militar dos paióis nacionais, o general Faria Meneses, que se afastou do cargo em julho, dias depois do furto, em junho de 2017.
Na audição, que começou às 17h00, na Assembleia da República, o general afirmou que o incidente "feriu a credibilidade das Forças Armadas" e foi uma "falha grave".
"Nunca pensei que fosse possível acontecer um assalto em Tancos", afirmou ainda.
Na audição, o tenente-general leu parte de um diário que anotou naqueles dias seguintes ao furto, uma espécie de "fita do tempo", e com base no qual relatou conversas com Rovisco Duarte.
Segundo disse, o ex-CEME comunicou-lhe da decisão de exonerar os cinco comandantes porque estava a ser sujeito a muitas pressões, que não identificou.
"A pressão é muita, temos de fazer alguma coisa", afirmou Faria Meneses, descrevendo o que Rovisco Duarte lhe disse numa conversa telefónica, no dia em que o então CEME anunciou a demissão dos cinco comandantes e da qual o ex-CFT discordava.
O caso do furto de material militar em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017, tem previstas audições a mais de 60 personalidades e entidades, vai decorrer até maio de 2019 e é prorrogável por mais 90 dias.