O plenário do Conselho Superior da Magistratura (CSM) iniciou esta terça-feira o debate sobre eventuais alterações à fase de instrução e ao funcionamento do Tribunal Central de Instrução Criminal, discussão que prosseguirá a 4 de maio.
“O Plenário do Conselho Superior da Magistratura (CSM), hoje reunido, iniciou o debate em torno de várias questões relacionadas com o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) e a fase de instrução, que se prolongará para o próximo Plenário agendado para dia 4 de maio”, lê-se num curto e lacónico comunicado divulgado após a reunião plenária.
A discussão destas questões no plenário do CSM ocorreu por iniciativa do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, que preside por inerência ao órgão de disciplina e gestão dos juízes, que, em entrevista à agência Lusa, a 7 de abril, defendeu a extinção do TCIC, dizendo que, na sua génese, o tribunal “estava mal concebido”.
António Joaquim Piçarra considerou que o TCIC só faria sentido “se existisse também uma audiência nacional [tribunal central de julgamento] como existe em Espanha” para julgar a criminalidade mais complexa.
O juiz conselheiro defendeu também alterações à própria fase facultativa de instrução, recomendando que esta etapa fosse mais restritiva e que servisse apenas para que um juiz avaliasse o arquivamento de um inquérito, após queixa das partes.
Nos casos em que houvesse acusação pelo Ministério Público, a instrução ficaria limitada à avaliação das provas produzidas na investigação para uma ponderação sobre se havia matéria criminal para levar o caso a julgamento.
“A instrução deveria ser apenas a comprovação judicial do arquivamento ou da ida ao julgamento. O juiz de instrução não é um julgador nem um investigador", afirmou o conselheiro, na entrevista.