A reunião do Conselho de Estado já tinha terminado há cerca de vinte minutos, todos os conselheiros já tinham saído, menos o Presidente da República que foi mesmo o último e quando abandonou o Palácio da Cidadela Marcelo Rebelo de Sousa já sabia que todo o elenco do conselho de administração da TAP estava ali mesmo ao lado numa esplanada, após uma reunião que decorreu a dois passos na pousada.
Seguindo a pé, era praticamente impossível a Marcelo evitar o encontro com a presidente da comissão executiva da companhia aérea, a francesa Christine Ourmières-Widener e restante equipa e falou direto a todos, em português e em francês, perguntando "compreendem todos?" e dizendo de seguida que "é fundamental que corra bem, é muito importante para o país que corra bem", referindo-se ao processo de reestruturação da TAP.
Virando-se depois para Christine Ourmières-Widener fez o mesmo aviso em francês sobre como "é muito importante que corra bem" e teve como resposta da presidente da comissão executiva que também é preciso "muita energia e muita paixão".
Neste breve diálogo, Marcelo mencionou o plano de reestruturação para a TAP que a gestora francesa pretende operacionalizar a partir de outubro e que referiu mesmo como estando para "muito breve" a que o Presidente da República acrescentou que deverá ser daqui a "uma semana, duas semanas", rematando com um "boa sorte", aqui falando sempre em francês.
O Presidente da República ainda lançou um último aviso, já em andamento e sempre com os jornalistas ao lado, repetindo em português "boa sorte, boa sorte é também boa sorte para Portugal", ouvindo diversos "obrigado" e terminando com uma frase sibilina aos administradores da TAP": os portugueses têm muito dinheiro investido aí". E virou costas, abandonando a cidadela de Cascais.