O presidente do Chega, André Ventura, negou hoje estar em negociações com outros partidos sobre soluções de governabilidade após as eleições legislativas.
"Posso garantir que não há nenhuma conversação secreta em curso, nem isso seria possível nesta fase", afirmou o líder do Chega, em declarações aos jornalistas, antes de uma arruada na zona da Praia da Areia Branca, na Lourinhã (distrito de Lisboa), na véspera do arranque da campanha oficial para as eleições legislativas de 10 de março.
André Ventura foi questionado sobre as declarações do cabeça de lista do PS por Braga, José Luís Carneiro, que sugeriu hoje a existência de "negociações escondidas" entre a Aliança Democrática e outros partidos sobre o próximo governo.
"Nós temos pontos com alguns partidos com quem sempre tivemos conversações, nomeadamente a nível parlamentar. Não há nenhuma conversação em curso sobre a governabilidade e, com o que tem sido dito, nomeadamente ontem por Montenegro, sobre a corrupção, fica mais longe essa governabilidade possível", afirmou.
Ventura ressalvou não saber se José Luís Carneiros se estava a referir ao Chega, mas admitiu que "eventualmente" pudesse estar.
"Mas eu sou o presidente do Chega, portanto, estaria aqui a dizer o que é que se passaria. Não há nenhuma conversação em curso sobre essa matéria", insistiu.
No entanto, o presidente do Chega defendeu, baseando-se nas sondagens que têm sido publicadas, que "a maioria à direita vai ser feita com dois partidos, com o Chega e com a AD, com o PSD", salientando que será necessário "encontrar aqui soluções de governabilidade".
"Se não o fizermos, não nos podemos queixar depois de ser penalizados com isso. Acho que a grande questão destas eleições vai ser precisamente essa, vai ser a distribuição relativa de poder e depois a construção dessa governabilidade", sustentou André Ventura, que tem exigido um acordo de governo para apoiar um eventual executivo de direita.
O líder do Chega acusou ainda o presidente do PSD, Luís Montenegro, de ser "verdadeiramente irresponsável para com o país" por "não dizer o que é que fará se o Partido Socialista tiver mais votos".
"Alimentar este tabu prejudica a campanha eleitoral, mas mostra que o PSD, na verdade, está mais perto do PS do que do Chega. [...] Se ao PS suceder esta AD, que quer fazer a mesma coisa que o PS, não teremos mudança nenhuma", alegou.
Ventura voltou a desafiar Luís Montenegro para esclarecer se deixará o PS governar caso os socialistas vençam as eleições, mas a direita tiver maioria no parlamento.
"Porque é que Luís Montenegro não consegue dizer isto? Se houver uma maioria de direita, governará a direita. Porque ele sabe que precisa do Chega e fica entalado entre o Chega e o PS e isso levanta-nos a suspeita de que ele é mais próximo do Partido Socialista do que da mudança que o país precisa", sustentou.
O presidente do Chega considerou também que, se o líder social-democrata "decidir não sair [da liderança do PSD] e bloquear todo o processo de governação, pode fazê-lo".
"E aí, pelo ego e pelo egoísmo, ficamos sem governo em Portugal", afirmou.
Falando na situação política na Madeira, o presidente do Chega acusou também Luís Montenegro de ser "tão fraco, tão frouxo, na corrupção como é Pedro Nuno Santos".
André Ventura indicou que a volta nacional do Chega vai percorrer nas próximas duas semanas todos os distritos de Portugal continental e afirmou que esta será "uma campanha histórica", antecipando que o seu partido terá um "resultado que nunca nenhum partido teve em Portugal, exceto PS e PSD".
O líder do Chega considerou também que "a grande questão da campanha" vai ser "se o Chega se consegue aproximar e ultrapassar os lugares da frente" ou se o PS e a AD "vão conseguir conter o crescimento do Chega".