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O ministro da Defesa brasileiro, Fernando Azevedo e Silva, garantiu esta segunda-feira, em comunicado, que as Forças Armadas do país "cumprem a sua missão constitucional" e que estarão "sempre ao lado da lei, ordem, democracia e liberdade".
O comunicado foi publicado no site do Ministério da Defesa, um dia depois de o Presidente do país, Jair Bolsonaro, ter discursado numa manifestação na qual alguns dos seus apoiantes pediam o encerramento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como uma intervenção militar, o que tornou as reivindicações antidemocráticas e inconstitucionais.
"Tenho a certeza de uma coisa, nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia e pela liberdade. E o mais importante, temos Deus connosco", disse Bolsonaro no domingo, perante uma plateia de milhares de apoiantes, que se aglomeraram em frente à sede da presidência, criticando o STF e o Congresso.
"Nós queremos o melhor para o nosso país. Queremos a independência verdadeira dos três poderes e não apenas uma letra da Constituição, não queremos isso. Chega de interferência. Não vamos admitir mais interferência. Acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente", acrescentou o chefe de Estado.
No comunicado hoje emitido, o ministro da Defesa sublinha que a "Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os poderes imprescindíveis para a governabilidade do país", apelando para um "entendimento de todos" para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.
O documento defende também a liberdade de expressão como um "requisito fundamental de um país democrático", considerando "inaceitável" qualquer agressão a profissionais de imprensa.
Na manifestação de domingo, vários jornalistas foram agredidos no local por apoiantes de Bolsonaro.
Segundo a Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji), o fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, foi derrubado de uma escada e foi atacado com pontapés e socos no estômago, enquanto o jornalista Fabio Pupo, do jornal Folha de S. Paulo, era empurrado ao defender o seu colega.
A equipa do O Estado de S. Paulo e o jornalista Nivaldo Carboni, do portal de notícias Poder 360, que também foi atingido por um pontapé, tiveram de deixar o local escoltados pela Polícia Militar, segundo a nota da Abraji.
A Abraji condenou o ataque e afirmou que a agressão foi "o resultado da posição de Bolsonaro", que participou pela segunda vez em menos de um mês em atos contra os poderes legislativo e judicial.
"Tais eventos destacam o risco crescente ao qual o discurso belicoso e ultrajante do Presidente da República expõe os jornalistas brasileiros", lê-se no comunicado da Abraji.
Na manhã de hoje, o chefe de Estado condenou os ataques sofridos por jornalistas durante o protesto, afirmando que os mesmos foram promovidos por infiltrados e loucos, e que os responsáveis devem ser punidos.
"Eu não vi nada. Estava dentro do Palácio. Recriminamos qualquer agressão que porventura tenha havido. Se houve agressão, é alguém que está infiltrado, algum maluco e deve ser punido. Não existe agressão. Agora vaia é parte da democracia", afirmou Bolsonaro.
Apesar de dizer que não sabia da existência de nenhuma agressão, o governante aparece num vídeo, publicado nas suas redes sociais, no qual pergunta o que estava a acontecer entre os manifestantes ao observar um tumulto, sendo que uma pessoa não identificada responde: "Eles estão a expulsar jornalistas".
Face ao ocorrido no domingo, o procurador-geral da República (PGR) do Brasil, Augusto Aras, pediu uma investigação às agressões contra profissionais da imprensa.
"Tais eventos, no entender deste PGR, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado democrático de direito", afirmou Aras, no pedido enviado à procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal.
"Em razão disso, observadas as eventuais condições de procedibilidade, solicito a adoção das providências necessárias à apuração dos factos e responsabilização criminal dos autores", acrescentou Augusto Aras.