A justiça britânica autorizou formalmente a extradição do fundador do WikiLeaks para os Estados Unidos. Julian Assange deverá ser ser julgado por espionagem devido à publicação de centenas de milhares de documentos secretos relacionados com as guerras do Iraque e do Afeganistão.
A autorização foi dada por um juiz do Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres, mas a decisão final sobre o processo cabe agora à ministra do Interior britânica, Priti Patel. A defesa de Assange ainda pode apresentar as suas alegações até 18 de maio.
Os Estados Unidos acusam o australiano, de 50 anos, de 18 crimes que, segundo a defesa, podem levar a 175 anos de prisão pelas publicações do WikiLeaks, que em 2010 e 2011 expuseram abusos dos Estados Unidos no seu centro de detenção em Guantánamo (Cuba), bem como alegados crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão.
Detido inicialmente em 2010, a pedido da Suécia, por um caso de alegados crimes sexuais que foram mais tarde arquivados, Assange está detido no Reino Unido há mais de uma década, apesar de não ter sido condenado por qualquer crime.
Antes, o fundador do WikiLeaks esteve refugiado durante sete anos na Embaixada do Equador em Londres, de 2012 até abril de 2019, quando as autoridades equatorianas decidiram retirar o direito de asilo concedido e as autoridades britânicas o detiveram.
As organizações de defesa dos direitos humanos denunciam como um ataque à liberdade de imprensa, mas governo norte-americano afirma que o australiano não é jornalista, e sim um hacker, que colocou em perigo a vida de vários informantes ao publicar documentos completos, sem edição.
No dia 14 de março, a Supremo Tribunal britânico rejeitou um recurso de Assange para apelar contra a extradição.
O fundador da WikiLeaks casou em março com a antiga advogada, a sul-africana Stella Moris, com quem tem dois filhos. A cerimónia decorreu na prisão de máxima segurança de Belmarsh, onde Assange está desde que foi detido, em 2019, após anos refugiado na embaixada equatoriana de Londres.