O arcebispo de Braga destacou este domingo, na Missa de Páscoa a que presidiu no Paço episcopal, o impacto de uma celebração sem a manifestação pública “dos sinais do ressuscitado”.
“Esta Páscoa ficará para sempre nas nossas memórias, não por razões de tristeza, mas porque fizemos uma experiência profunda de encontro com o Senhor”, referiu D. Jorge Ortiga, numa Eucaristia transmitida online.
O arcebispo primaz destacou que o isolamento provocado pela pandemia de Covid-19 levou muitos a perceber mais “o valor dos afetos, da família, do trabalho” e o “valor sagrado da vida”.
“A vida é, sem dúvida nenhuma, o maior ativo de um povo”, acrescentou.
D. Jorge Ortiga falou num ano diferente, porque mesmo em tempos de fome ou guerra, no passado, “nunca faltou a presença uns dos outros, o sentido comunitário da Páscoa”.
“Somos levados a fazer a experiência doméstica das primeiras comunidades”, convidou.
O arcebispo de Braga referiu que este tempo pode ajudar a viver a Páscoa com outra “intensidade e profundidade”, sem se prender “ao que é exterior”.
“Com muita facilidade podemos prender-nos à casca e perder o tesouro que está dentro”, observou.
O responsável católico aponta a um tempo de aprendizagem para o pós-pandemia, com o regresso ao essencial, recordando a necessidade de tempo, de oração, de encontro com os outros.
“Nesta preocupação de voltarmos ao que é essencial, isso mesmo acontece com a nossa fé”, realçou.
No fim da Missa, o arcebispo primaz quis “renovar a confiança na ressurreição do Senhor”, lendo um poema de Miguel Torga: “Vamos, ressuscitados, colher flores!”.
D. Jorge Ortiga agradeceu a adesão à proposta feita de construir uma cruz, no início da Semana Santa, colocando flores na Vigília Pascal.
“Nós podemos florir as cruzes da nossa vida”, concluiu.