O INEM abriu um inquérito interno sobre as circunstâncias em que foi prestado o socorro no acidente que envolveu o carro que transportava o ministro da Administração Interna na autoestrada A6, no Alentejo, com um morto.
Questionado pela agência Lusa, por correio eletrónico, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) enviou um esclarecimento em que indica que estão "em curso inquéritos e investigações por parte das entidades competentes, e do próprio INEM, para apurar o sucedido nesta ocorrência".
"O INEM não se pronunciará no decurso dos mesmos", sublinhou o instituto. .
A Lusa pediu esclarecimentos ao INEM depois de o médico António Peças, que presta serviço no hospital de Évora e na viatura médica de emergência e reanimação (VMER) deste instituto e sediada na unidade hospitalar alentejana, ter levantado dúvidas na sua página na rede social Facebook sobre o socorro ao acidente.
"O que dizer da atuação do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, que ativou a VMER de Évora para o trajeto Évora – Montemor quando o acidente ocorreu no trajeto Estremoz – Évora, o que levou a que a VMER chegasse ao local mais de uma hora depois de iniciar o caminho para o local?", escreveu.
Na mesma publicação, o médico levanta outra dúvida: "E alguém no CODU ter modificado os dados inicialmente enviados na ficha de ativação, corrigindo a localização da ocorrência?".
No pedido de esclarecimentos, a Lusa questionou o INEM sobre o trajeto efetuado pela VMER e quanto tempo levou a viatura a chegar ao local do acidente, mas não obteve resposta.
Fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica, ao telefone, limitou-se a sublinhar que "foi aberto inquérito à atuação do INEM no socorro a este acidente".
A Lusa também tentou contactar por telefone o médico António Peças, mas as várias tentativas revelaram-se infrutíferas.
O acidente em que morreu um trabalhador atropelado na autoestrada A6, no Alentejo, pelo carro que transportava o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ocorreu no dia 18 deste mês.
Um outro inquérito foi aberto pelo Ministério Público (MP) para apurar as circunstâncias da morte do trabalhador, "como sempre acontece neste tipo de situações", ou seja, em acidentes rodoviários com mortos, segundo fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em comunicado divulgado no dia do acidente, o Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou que uma pessoa tinha morrido atropelada na A6, num acidente envolvendo o carro que transportava o ministro Eduardo Cabrita.
Nesse dia, fonte do Comando Territorial de Évora da GNR revelou à agência Lusa que a pessoa atropelada era um trabalhador, de 43 anos, que fazia a manutenção da via.
O acidente nesta autoestrada, que liga Marateca à fronteira do Caia, em Elvas (distrito de Portalegre), ocorreu "por volta das 13:00", ao quilómetro 77, na zona do concelho de Évora, no sentido Évora - Lisboa, disse a mesma fonte.
Já o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora disse à Lusa que o alerta para o acidente rodoviário foi dado aos bombeiros às 13:14.
O homem, trabalhador de uma empresa que realizava trabalhos de manutenção da via, ainda "foi assistido", mas "acabou por falecer no local", assinalou a mesma fonte do CDOS.
No dia seguinte ao acidente, o MAI esclareceu que não existia sinalização para alertar os condutores dos "trabalhos de limpeza em curso" na autoestrada A6 quando a viatura do ministro atropelou mortalmente um trabalhador.
O MAI disse então que o veículo "não sofreu qualquer despiste" e "circulava na faixa de rodagem, de onde nunca saiu, quando o trabalhador a atravessa".
"O trabalhador atravessou a faixa de rodagem, próxima do separador central, apesar de os trabalhos de limpeza em curso estarem a decorrer na berma da autoestrada", adiantou ainda o Ministério.
Sobre outros pormenores, o MAI lembrou que está em curso uma investigação ao acidente, por parte do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAV) de Évora da GNR, escusando-se a prestar mais informações.