O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, mandou abrir este sábado um inquérito urgente sobre contratação de material de sensibilização para incêndios, na sequência de notícias sobre golas antifumo com material inflamável distribuídas no âmbito do programa "Aldeias Seguras".
Em comunicado, divulgado um dia depois de o ministro ter desvalorizado o caso, apelidando os jornalistas que o interrogavam de “cobras”, o Ministério da Administração Interna diz que, "face às notícias publicadas sobre aspetos contratuais relativamente ao material de sensibilização, o ministro da Administração Interna pediu esclarecimentos à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e determinou a abertura de um inquérito urgente à Inspeção-Geral da Administração Interna".
O “Jornal de Notícias” noticiou na sexta-feira que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela proteção civil no âmbito dos programas "Aldeia Segura" e "Pessoas Seguras".
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) disse então que os materiais distribuídos no âmbito dos programas não são de combate a incêndios nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas-práticas.
Questionado pelos jornalistas, em Mafra, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, considerou "irresponsável e alarmista" a notícia e sublinhou a importância do programa que está em curso em mais de 1.600 aldeias do país, assegurando que a distribuição das golas antifumo não põe em causa nem o projeto nem a segurança das pessoas.
Este sábado surgiu a informação de que a Proteção Civil pagou mais do dobro pelas golas do que o preço de mercado. A empresa que as vendeu, que é detida pelo marido de uma autarca do PS, diz que o preço elevado se justifica pela urgência e pela dimensão da encomenda.