Filipe Lobo d’Avila abandona CDS e assume desencanto com rumo do partido
23-04-2024 - 18:06
 • Ricardo Vieira

Antigo porta-voz do partido defende forma de estar na política "em liberdade e sem dependências".

Filipe Lobo d’Avila anunciou esta terça-feira a "desvinculação com efeitos imediatos" do CDS, ao fim de 30 anos de militante, e assume desencanto com rumo do partido nos últimos anos.

Numa carta enviada ao presidente do CDS, Nuno Melo, o antigo porta-voz dos centristas diz que tomou a decisão após um longo processo de reflexão.

"Nos últimos três anos procurei estar em silêncio quanto à vida partidária e atravessei um longo processo interno de reflexão e enorme ponderação pessoal e familiar, em particular nos últimos dois anos, tendo concluído que a forma como entendo a política, como serviço público, em liberdade, com pensamento, com espírito crítico, com independência, sem subserviências financeiras ou de outra índole, com espírito de missão, mas igualmente com sentimento de pertença e afinidade política a um determinado Partido, não é hoje compatível com a minha militância partidária no CDS", escreveu Filipe Lobo d’Avila, na carta a que a Renascença teve acesso.

Na hora da despedida, o antigo militante considera que "foi um orgulho ter assumido responsabilidades" em nome de um CDS de que guardará "excelentes recordações", numa "decisão ponderada e tomada em consciência".

Quando ao seu futuro, Filipe Lobo d’Avila sublinha que "política podemos fazer em qualquer lado, na nossa vida, no nosso meio, na nossa sociedade. Em liberdade e sem dependências".

Ao longo de 30 anos de militância, Filipe Lobo d’Avila representou o CDS em funções partidárias, parlamentares e governativas. No Ministério da Justiça como diretor-geral, entre 2002 e 2008, no Ministério da Administração Interna, como secretário de Estado da Administração Interna, entre 2011 e 2014.

Também foi deputado em diferentes legislaturas e porta-voz do CDS, bem como vice-presidente de diferentes líderes do partido.

A saída de Filipe Lobo d’Avila é conhecida dois dias depois do 31.º Congresso do CDS, em que Nuno Melo foi reeleito presidente.