O caso de poluição no rio Tejo entrou em segredo de justiça, anunciou esta sexta-feira a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), em comunicado. O segredo abrange as análises às descargas da empresa Celtejo.
O Departamento de Investigação e Ação Penal de Castelo Branco decretou “que todos os elementos já coligidos, bem como todos os demais elementos juntos e a obter, relativos à investigação no âmbito do processo de inquérito – Crime de Poluição no Rio Tejo - se encontram sujeitos a segredo de justiça”.
“Todos os órgãos, serviços, ou pessoas com contacto com o referido processo, estão impedidos de divulgar quaisquer informações, designadamente elementos de prova, resultados de análises ou de outras quaisquer diligências”, refere a IGAMAOT.
O caso remonta ao dia 24 de janeiro, quando um manto de espuma branca com cerca de meio metro cobriu o rio Tejo na zona de Abrantes, junto à queda de água do açude insuflável, num cenário descrito como "dantesco" pelo proTEJO e como "assustador" pelo município.
A Inspeção-Geral do Ambiente ordenou a realização de inpeções aos afluentes das empresas de pasta de papel Paper Prime, Navigator e Celtejo e das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vila Velha de Rodão, Abrantes e Mação.
O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelou, a 31 de Janeiro, que a carga poluente que afetou o rio Tejo na zona de Abrantes teve origem nas descargas da indústria da pasta de papel.
A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Abrantes encontra-se em incumprimento dos parâmetros a que está obrigada, mas os incumprimentos não são considerados "expressivos", anunciou o inspetor-geral do Ambiente, Nuno Banza, a 5 de Fevereiro.
Foram ainda recolhidas amostras em três unidades industriais: Paper Prime, Navigator e Celtejo. As duas primeiras empresas estão a cumprir, mas em relação à Celtejo ainda não há resultados devido a "constrangimentos inusitados", disse o mesmo responsável.
Os resultados das novas análises à Celtejo deveriam ser conhecidos esta semana, mas esta sexta-feira o caso entrou em segredo de justiça.
Na sequência deste caso de poluição, o Ministério do Ambiente ordenou várias restrições à Celtejo, entre as quais a redução em 50% das descargas de efluentes no Tejo.