PSP não muda as regras. Agentes continuarão a usar viseira em vez de máscara
08-05-2020 - 09:32
 • Anabela Góis (entrevista), Renascença (texto)

Sindicatos pediram uso de máscara. O diretor nacional da PSP, Magina da Silva, acredita que os 71 infetados são prova de que a viseira funciona.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) não vai alterar as regras. Os agentes vão continuar a usar a viseira, em serviço, ao contrário do que reclamam as associações sindicais, que pedem uso de máscara.

Em entrevista à Renascença, esta sexta-feira, o diretor nacional da PSP, Manuel Augusto Magina da Silva, lembrou que, inicialmente, acreditava-se que "a máscara poderia ser um fator de potenciador da infeção, por dar falsa sensação de segurança".

O "esforço brutal" da PSP valeu a aquisição de 21.500 viseiras, distribuídas por todo o país, e, entretanto, a tutela forneceu mais máscaras. Contudo, a crença é de que, a não ser em meios específicos, a viseira é mesmo a melhor proteção contra o novo coronavírus.

"Continuamos convencidos de que temos de ter proteções distintas, estando em ambiente hospitalar ou não hospitalar. Os agentes trabalham, no dia a dia, em ambiente não hospitalar. Em ambiente hospitalar ou em ambientes com pessoas infetadas no interior, usam máscara. Fora dessas circunstâncias, a viseira tem mais vantagens", assinalou, no programa As Três da Manhã.

A PSP tem, neste momento, 71 agentes infetados, por todo o país, cenário que já foi mais complicado noutras alturas. Magina da Silva acredita que o atual número casos na força de segurança é a prova de que a viseira é suficiente na proteção contra o novo coronavírus:

"A PSP está nas áreas urbanas em que há maior densidade populacional e há mais polícias a trabalhar uns com os outros. Tivemos um quadro epidemiológico que foi, em determinadas alturas, complicado. Chegámos a ter 140 policias infetados e 350 em quarentena. A prova de que a viseira de proteção funciona é que temos, neste momento, 71 infetados e cerca de 183 em quarentena, resultantes de decisões da autoridade de saúde."

Regras na praia por definir e ação sem olhar às origens


O diretor nacional da PSP revelou, também, que ainda não há um plano para a abordagem à época balnear, no âmbito do combate contra a pandemia do novo coronavírus.

"Tudo isto é novo e estamos todos a aprender. As praias são da competência da Polícia Marítima. A PSP sempre apoiou e apoiará. Está a ser ainda fechada a estratégia relativamente às regras a implementar nas praias. Não será a policia a definir as regras, apenas garantirá a sua aplicação. Há varias ideias na mesa", assumiu.

Sobre os alegados problemas que a PSP tem enfrentado, no momento de aplicar as regras de isolamento social em comunidades ciganas, Magina da Silva salientou que à força de segurança não importam credos:

"Para a PSP, por definição, a ascendência ou o género, a raça, a crença religiosa não dizem absolutamente nada. Trabalhamos com comportamentos observáveis. São proibidos ajuntamentos com mais de 10 pessoas. Agimos sobre isso independentemente da ascendência."