Terminou este domingo mais uma campanha de recolha de alimentos do Banco alimentar contra a Fome e o azeite está em falta, segundo explica Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, em declarações à Renascença.
"Verificamos menos azeite, mas isto parece-nos normal porque os produtos encareceram muito e, portanto, as pessoas querem participar e optam por dar produtos mais baratos", destaca.
Sobre a campanha de recolha, Isabel Jonet faz um balanço positivo e refere que a maior parte dos alimentos que recolhidos foram: arroz, massas, leite e cereais de pequeno-almoço.
“É muito positivo, tanto pelo número de voluntários e também as [pelas] doações que foram entregues aos voluntários e depois encaminhadas para o Banco Alimentar da respetiva região. Portanto, uma vez mais, os portugueses manifestaram a sua solidariedade. Vemos que a tipologia de produto é muito semelhante, é sempre produtos mais básicos: o leite, o arroz, as massas, cereais de pequeno almoço", afirma.
Neste fim de semana, cerca de 40 mil voluntários tornaram possível a campanha que decorreu nos últimos três dias sob o mote "A sua ajuda pode ser o que falta à mesa de uma família".
"É uma impressionante expressão de solidariedade dos portugueses que, apesar das dificuldades que muitas famílias vivem, não quiseram deixar de contribuir com alimentos ou sendo voluntários", disse à Renascença.
Até às 18h00 deste domingo, "já tinham sido contabilizadas mais de 1.800 toneladas de produtos doados", tinha avançado Isabel Jonet num balanço provisório, uma vez que alguns dos 21 bancos espalhados pelo país ainda não tinham terminado as contagens. Já durante a noite, o Banco alimentar confirmou que a campanha recolheu um total de 2.292 toneladas de alimentos nos últimos três dias, o que representou um acréscimo de cerca 10% em relação ao ano anterior.
Nos dois primeiros dias de campanha - sexta-feira e sábado - recolheram 1.555 toneladas.
No ano passado, 17% das pessoas em Portugal estavam em risco de pobreza (mais 0,6 pontos percentuais do que no ano passado), segundo dados divulgados recentemente pelo INE.
Relembra-se que cerca de 400 mil pessoas contam diariamente com a ajuda desta instituição de solidariedade social, que recebe cada vez mais pedidos de trabalhadores cujo salário não chega para cobrir as despesas.
“O número de pessoas que são apoiadas mantém-se nas 400 mil. Estas precisam de ajuda do Banco Alimentar e recebem ajuda diariamente. Temos ainda agora muitos trabalhadores pobres, ou seja, pessoas que trabalham que têm o seu salário, mas que aquilo que recebem o seu rendimento familiar não chega para todas as necessidades do agregado”, descreveu, anteriormente, Jonet em declarações à Renascença, revelando também que há cada mais instituições de solidariedade social a pedir ajuda ao Banco Alimentar.
“Os bancos alimentares trabalham em parceria com instituições e estas instituições, elas próprias, pedem-nos mais ajuda, uma vez que os acordos com a Segurança Social ainda não foram renegociados.
A Campanha do Banco Alimentar contra a Fome terminou este domingo, depois de três dias de recolha de alimentos em mais de dois mil superfícies comerciais de norte a sul do país. Em regra, o Banco Alimentar promove duas campanhas por ano que se destinam a angariar alimentos básicos para pessoas carenciadas, como leite, arroz, massas, óleo, azeite, grão, feijão, atum, salsichas, bolachas e cereais de pequeno-almoço.
Os bens entregues aos voluntários à saída dos supermercados foram encaminhados para os diversos armazéns do Banco Alimentar, onde são separados e acondicionados antes de serem distribuídos pelas pessoas com carências alimentares comprovadas.
[Informação atualizada à 01h40 com novos dados da recolha]