Dezenas de estradas estão cortadas esta quarta-feira em Espanha, incluindo acessos à fronteira com França, a portos no mediterrâneo e a cidades como Sevilha, devido a manifestações convocadas pelas três maiores confederações agrícolas do país.
Esta quarta-feira é o nono dia consecutivo de protestos em Espanha contra políticas e regulamentos europeus para a agricultura, à semelhança do que tem acontecido noutros países.
As três grandes confederações de agricultores (Asaja - Associação Agrária Jovens Agricultores, UPA - União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG - Organizações de Agricultores e Ganadeiros) convocaram para hoje manifestações em 13 províncias de Espanha, num dos dias com mais protestos anunciados.
Na Catalunha, no nordeste de Espanha, os agricultores mantêm cortadas desde terça-feira as duas principais vias de ligação a França (uma autoestrada e uma estrada nacional) e os acessos ao porto de Tarragona.
Na Andaluzia, no sul, estão cortados os acessos ao centro da cidade de Sevilha e o principal acesso ao porto de Motril, entre outros bloqueios e manifestações.
Segundo as autoridades de trânsito, há também cortes de estradas e autoestradas, ou congestionamentos devido às marchas lentas de tratores, nas regiões de Castela La Mancha (incluindo ligações a Madrid), Extremadura, Castela e Leão ou Aragão.
Em cidades como Burgos (Castela e Leão) e Guadalajara (Castela e Leão), os tratores entraram nas ruas do centro urbano em protesto.
Um dos objetivos das manifestações de hoje era bloquear o mercado abastecedor de Madrid (Mercamadrid), o maior de Espanha, mas o protesto não foi autorizado nos moldes e para o local pedido e acabou por não se realizar como previsto, segundo as confederações agrícolas. Não há registo de perturbações neste local, onde se concentrou apenas uma dezena de agricultores a pé.
As associações de agricultores em Espanha têm dezenas de protestos convocados em todo o país até ao final de fevereiro, segundo um calendário de manifestações atualizado na segunda-feira.
Além das confederações, a associação União de Uniões (UDU) anunciou um calendário próprio de protestos, com destaque para uma "tratorada" (manifestação com tratores) em 21 de fevereiro em Madrid, em frente da sede do Ministério da Agricultura.
As manifestações da semana passada foram também convocadas na Internet, por plataformas informais, à margem das associações agrícolas.
Desde o início dos protestos, em 06 de fevereiro, as forças de segurança detiveram 34 pessoas e identificaram mais de 8.600.
O ministro da Agricultura, Luis Planas, chamou as confederações agrícolas para uma reunião, que está marcada para quinta-feira.
Luis Planas já se reuniu, em 02 de fevereiro, com as três organizações, que após o encontro decidiram manter os protestos.
Naquele dia, o ministro garantiu que o governo de Madrid só apoiará mudanças na Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE) que estejam "em linha" com os interesses dos agricultores espanhóis.
Luis Planas considerou ainda que Bruxelas, com anúncios recentes para responder aos protestos de agricultores em vários países, "está a chegar muito tarde" e reconheceu "a sucessiva acumulação" de regras e burocracia da PAC e de outras normas europeias e defendeu uma simplificação.
Luis Planas comprometeu-se a continuar a ouvir o setor e sobre os acordos comerciais da UE com outros países e regiões do mundo, outro alvo dos protestos dos agricultores, prometeu "seguimento estrito" dos contingentes de importações.
O governo espanhol defende as designadas "cláusulas espelho" para as importações de países de fora da UE, ou seja, que se apliquem as mesmas regras e exigências aos produtos importados que se aplicam para a produção dentro do espaço europeu.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da PAC e mais apoios para o setor.