A CaixaBank confirmou esta segunda-feira que vai avançar com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) voluntária sobre o BPI. Mas a oferta está condicionada ao fim da blindagem de 20% nos direitos de voto do BPI, que actualmente confere direito de bloqueio à empresa da empresária angolana Isabel dos Santos.
O comunicado enviado às redacções revela que vai oferecer um preço de 1,113 euros sobre todas as acções que não controla no banco BPI (55,9%).
O preço oferecido pressupõe uma avaliação do BPI em 1.622 milhões de euros e reflecte a média ponderada dos últimos seis meses.
A oferta do grupo catalão, maior accionista do BPI com 44,1% do capital, está condicionada à eliminação da limitação de 20% nos direitos de voto do BPI, a alcançar mais de 50% do capital do Banco BPI e à obtenção das autorizações regulatórias aplicáveis. Ou seja a alteração à lei das blindagens.
O Governo terá aberto a porta para uma oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank ao BPI depois do fim das negociações com Isabel dos Santos, segundo avançou no domingo Luís Marques Mendes, na SIC. De acordo com o ex-líder do PSD, o executivo aprovou no último conselho de ministros uma lei que retira poderes a Isabel dos Santos no BPI, desblindando os estatutos e abrindo caminho a uma OPA do CaixaBank.
O diploma já está em Belém. Ao que a Renascença apurou, o Presidente da República deve promulgar esta segunda-feira o diploma que altera a lei sobre a possibilidade de bloqueios por parte de accionistas da banca, à medida do caso BPI.
“Esta oferta surge após não ter sido possível fechar um acordo satisfatório com a Santoro Finance para resolver os problemas de concentração de riscos em Angola por parte do BPI. Perante esta situação, o CaixaBank solicitou ao BCE a suspensão de qualquer procedimento administrativo contra o Banco BPI relacionado com a sua situação de excesso de concentração de riscos em Angola com a finalidade de permitir ao CaixaBank encontrar uma solução para a dita situação no caso de assumir o controlo do Banco BPI”, pode ler-se ainda no mesmo texto.
Pedro Lino, da corretora Dif Broker, explica que esta operação significa uma derrota para a empresária angolana, mas também para o BPI, que vê uma forte desvalorização das acções.
“É uma derrota para Isabel dos Santos, que vê a sua posição esvaziada, e também vai ser uma derrota para a administração do BPI, que apontava há cerca de ano e meio que o preço correcto, quando foi a primeira OPA do CaixaBank era de 2,20 – ora, neste momento está a oferecer menos 16% do que ofereceu na altura, o que significa que todos os accionistas do BPI perderam face ao primeiro valor que o CaixaBank adiantou.”
[notícia actualizada às 9h00]