É com grande preocupação que a AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve está a seguir o fogo de grandes proporções que já estende aos concelhos de Tavira, Vila Real de Santo António e Castro Marim. Depois de ano e meio de pandemia, os turistas regressam ao Algarve e a entidade teme que os incêndios afetem a retoma económica da região.
Assistia-se a uma ligeira recuperação da atividade económica motor da região, mas estes fogos não ajudam nada, assume o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Pina, em declarações à Renascença.
"Nunca é agradável para a região passarmos nos meios de comunicação internacionais estas imagens, para além do desconforto que é, especialmente nesta zona entre Vila Real [de Santo António] e Tavira onde se faz sentir, e é até visível da praia e destas zonas balneares o fogo."
"São sempre imagens que não deixam desconfortáveis quem tirou estes dias que estão de facto fantásticos, com uma água bem mais quente, uma temperatura excelente, mas que depois provocam este surgimento destes fenómenos, que não eram nada bem-vindos num momento em que estávamos a ter uma boa recuperação económico deste nosso principal motor económico, que é o turismo", sublinha António Pina, que também é presidente da Câmara de Olhão.
Todo o cuidado é pouco e o risco de incêndio é uma das preocupações da associação que reúne todos os municípios algarvios. Mas António Pina admite que é pouco natural que um incêndio comece às 01h00 da manhã, mesmo com o tempo quente que se faz sentir na região.
"É uma hora pouco normal para o início de um incêndio, o que leva a pensar que estes fogos têm uma origem não natural. Mais vigilância é sempre bom, mas é quase como aquela velha máxima de ter um polícia em cada canto", disse o presidente da AMAL, que acrescentou que "tem de haver uma consciencialização das populações, mas ainda é cedo para ter algum tipo de julgamentos nestas fases, temos de nos concentrar em, acima de tudo, apagar o fogo".
Para António Pina, a situação só poderá mudar e melhorar quando se alterar a paisagem e a floresta for constituída por outras espécies. É também uma questão a que as verbas do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) poderão responder, diz o autarca.
"Há muito ainda por fazer, vamos certamente aproveitar muito bem o financiamento do PRR para uma grande transformação da paisagem, seja na Serra do Monchique seja também na Serra do Caldeirão, porque só com a transformação da paisagem, colocando outro tipo de árvores e herbáceas, só assim será possível mantê-los. Territórios que não produzem são territórios abandonados e são alvos fáceis de fogos", concluiu.