Chama-se “Olhares pela Maternidade”. É um projeto da autarquia de Montalegre para incentivar a natalidade no concelho. Prevê um apoio mensal de 50 euros a todas as crianças até aos três anos.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, o projeto quer “abanar um pouco a comunidade” e manifestar que “o município está sensível e preocupado com o problema do despovoamento, da natalidade, e, sobretudo, que este problema só pode ser resolvido pelos casais”.
O “Olhares pela Maternidade” envolve as famílias, o município e o Centro de Saúde de Montalegre e tem três grandes objetivos: o olhar pela demografia e natalidade, a promoção turística do concelho e a conceção de uma ferramenta de consulta sobre a vigilância da gravidez de baixo risco em cuidados de saúde primários.
O “cheque maternidade” de 50 euros por mês, será atribuído durante os primeiros três anos, a todos os casais que tiverem filhos. O apoio a conceder pela autarquia exige que os casais residam no concelho e que as faturas apresentadas resultem de gastos realizados naquele território.
Segundo David Teixeira, a autarquia prevê aplicar 75 mil euros nesta medida que visa “garantir que a economia local funciona e garantir que os bebés, as crianças, têm as melhores condições”.
“É também um incentivo a que os próprios agentes económicos criem eles próprios melhores condições, mais postos de trabalho e que também a vertente privada pense na questão dos horários e na disponibilidade que precisam os pais e as mães para os filhos”, observa o vice-presidente da autarquia.
O concelho de Montalegre tem cerca de 11 mil habitantes e regista uma média de 40 nascimentos por ano.
Tânia Afonso tem 26 anos, é mãe de uma menina, a Amanda, recém-nascida, e do Tiago. Refere que “toda a ajuda é bem vinda neste momento. Uma vez que ele ainda é pequenino e ainda usa fralda, temos algumas despesas e a Amanda também veio aumentar as despesas. Mas são umas despesas boas e a ajuda da câmara vem mesmo a calhar”.
A jovem mãe gosta de viver em Montalegre e destaca as vantagens de viver numa vila, onde a calma é uma constante. “Não temos tanta confusão, tanto trânsito. Vou com eles a todo lado, não temos o problema de estacionamento. É calmo e gostamos dessa tranquilidade”, diz.
Daniela Morgado, advogada de 28 anos, está grávida de oito meses. Não é natural de Montalegre, mas fixou-se no concelho há pouco mais de um ano. Enaltece o apoio da autarquia. “Sem dúvida que é muito bom. É lógico que não se deve pensar em ter filhos só a pensar nos benefícios que vamos ter, mas, sem dúvida que é uma ajuda preciosa para qualquer casal ter esse apoio por parte do município”, afirma.
A jovem conta que quer ter “mais filhos” e considera que “o facto de esses 50 euros terem que ser gastos no próprio concelho é muito bom, porque também incentiva o desenvolvimento do comércio local”.
O projeto “Olhares pela Maternidade” contemplou também uma exposição de fotografias de recém-nascidos e de barrigas de grávidas pintadas com ícones do concelho, como o castelo, a ponte da Misarela, o parapente ou o rali, para mostrar “como é bom viver em Montalegre”. As fotografias integram também um calendário.
É uma forma de “alertar para a baixa natalidade” e “fortalecer a identidade dos barrosões”, esclarece o vice-presidente da autarquia.
“Portugal tem uma taxa de natalidade reduzida, mas as zonas do Interior muito mais. De certa forma, o projeto pode servir para alertar para essa questão e talvez incentivar futuros casais a terem filhos. Também é uma forma de dizer que é bom viver em Montalegre, pela calma, pelo contacto com a natureza, pelas pessoas que são muito afetuosas. Não sou daqui, mas sinto-me tão bem aqui como me sinto em casa”, acrescenta Daniela Morgado.