Se for eleita, Ursula von der Leyen não vai reabrir negociações do Brexit
10-07-2019 - 15:48
 • Renascença

Em estrasburgo, a alemã que poderá chefiar a Comissão Europeia nos próximos cinco anos falou pela primeira vez sobre um dos temas mais fraturantes da UE atualmente.

Ursula von der Leyen, a atual nomeada para chefiar a Comissão Europeia durante os próximos cinco anos, sinalizou esta quarta-feira que não vai reabrir as negociações do Brexit com o futuro primeiro-ministro do Reino Unido caso seja eleita para o cargo.

Em Estrasburgo, onde esteve reunida com as diferentes famílias políticas do Parlamento Europeu, a atual ministra da Defesa da Alemanha também fez questão de frisar que a chamada solução "backstop" para a fronteira irlandesa é "preciosa" e tem de ser defendida.

Nas suas primeiras declarações públicas sobre aquele que promete ser o tema mais fraturante deste primeiro ano da nova legislatura europeia, Von der Leyen disse esperar que o Reino Unido permaneça no Reino Unido, antes de reforçar que não há qualquer margem para renegociar o Acordo de Retirada que Theresa May firmou em Bruxelas.

"Penso que é um bom acordo, mas é vossa responsabilidade e vossa nobre tarefa resolver isto", disse em resposta a um eurodeputado britânico do Partido Democrata Liberal.

Numa mensagem indireta aos atuais candidatos ao lugar de May, Jeremy Hunt e Boris Johnson, a alemã fez ainda questão de sublinhar que o "tom" e a "atitude" com que o Brexit será concretizado são cruciais para definir o futuro dos britânicos e dos europeus.

"O Brexit não é o fim de alguma coisa", acrescentou. "O Brexit é o início de relações futuras e é de absoluta importância termos uma boa cooperação."

Neste momento, Ursula von der Leyen é indicada para suceder a Jean-Claude Juncker à frente do executivo comunitário, depois de o Conselho Europeu ter falhado em angariar consenso sobre o futuro presidente da Comissão através do chamado processo de "spitzenkandidaten".

Para tal, e dado que pertence ao Partido Popular Europeu, a alemã precisa de angariar os votos favoráveis das bancadas socialista, liberal, Verdes e eurocéticos para assumir o cargo.

As suas declarações sobre o Brexit surgem quando faltam pouco mais de três meses para terminar o prazo oficial de saída do Reino Unido, marcado para 31 de outubro. O país encontra-se atualmente num impasse, com Hunt e Johnson em disputa pelo cargo que May decidiu abandonar face ao seu falhanço em ver aprovado o acordo de Brexit no Parlamento.