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O sistema de saúde em Manaus, a capital do estado brasileiro do Amazonas, colapsou, devido ao grande número de novos casos de Covid-19 e os efeitos da rutura poderão estender-se a zonas rurais da Amazónia, alerta, em comunicado, a organização Médicos sem Fronteiras (MSF).
A organização internacional médica-humanitária reporta a catástrofe que se vive nesta segunda vaga da pandemia de Covid-19 com todas as camas de cuidados intensivos ocupadas e as listas de espera de doentes em estado crítico ou grave a permanecerem muito altas ao longo das últimas semanas.
“A situação em Manaus, hoje, início de fevereiro, é catastrófica. Portanto, estamos claramente a passar por um colapso do sistema de saúde”, afirma o coordenador MSF Manaus, Fabio Biolchini Duarte.
De acordo com o responsável, faltam médicos, enfermeiros, medicamentos e faltam protocolos para a terapia intensiva.
A total saturação do sistema público de saúde em Manaus, capital do estado do Amazonas, significa que outras povoações nos arredores enfrentam atrasos na capacidade de prestação de cuidados ou simplesmente não podem transferir os doentes críticos para os hospitais nas cidades maiores, tendo de tomar medidas de emergência para tentar dar resposta ao número crescente de pessoas doentes.
“O nosso plano A era tentar ajudar a retardar o fluxo de doentes críticos, impulsionando os cuidados intermédios para casos moderados e graves, mas esse plano está fora de questão, agora”, afirma Pierre Van Heddegem, coordenador de emergência da MSF no Brasil.
O coordenador de emergência explica que os profissionais de saúde estão “agora no plano B, prestando cuidados críticos que salvam vidas, em instalações que não têm uma unidade de cuidados intensivos e com a preocupação, todos os dias, de que vamos ficar sem oxigénio”.
“Esta segunda onda de Covid-19 está a esmagar tudo e todos e estamos a fazer tudo o que podemos, todos os dias. O nosso medo é que não sejamos capazes de acompanhar”, declara.
A MSF está a prestar apoio numa das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em Manaus e também a providenciar assistência em estruturas de saúde nas zonas rurais no interior do estado do Amazonas, nomeadamente em Tefé e em São Gabriel da Cachoeira.
“O colapso do sistema de saúde em Manaus, ou seja, a falta de camas para receber mais pacientes, está a afetar também as nossas atividades no interior do Amazonas”, afirma o coordenador MSF Manaus, alertando que as “pessoas que apresentam sintomas mais graves não encontram assistência na capital”.
“É importante entender que Manaus é a única cidade do estado com camas de cuidados intensivos. As pessoas do campo fazem parte da fila de espera, o colapso não é só em Manaus”, assinala Fabio Biolchini Duarte.
As equipas da organização humanitária em zonas rurais do Amazonas estão a realizar uma campanha de informação para alertar a população sobre como se protegerem do vírus, já que é a medida mais eficaz para lutar contra a sua expansão em zonas onde o acesso a serviços de saúde é muito complicado.