Não está diretamente na ordem de trabalhos, mas toda a gente fala do tema. A compra do Twitter por Elon Musk não passa indiferente às dezenas de milhares de pessoas na Web Summit, em Lisboa. Sobre a subscrição de oito dólares mensais para certificar contas, há quem compare a mensalidade a uma “etiqueta na integridade” do “pássaro azul”.
Bernie Wong, consultor de relações públicas de tecnológicas na Edelman, é convidado na Web Summit e tem uma conta de Twitter, mas admite à Renascença que não pensa pagar os oito dólares por mês para que seja certificada. “Não pagaria, mas estaria interessado em saber quem pagaria. Presumo que a maioria das pessoas não se importe de pagar os oito dólares por mês, dada a importância das pessoas que têm o ‘visto azul’, mas é como colocar uma etiqueta na integridade. Não é correto”, diz.
“É da responsabilidade do Twitter assegurar-se de que as pessoas que pedem a verificação de conta merecem que a sua conta seja verificada, em vez de apenas pagarem uma mensalidade, seja em criptomoedas ou em dinheiro vivo.”
Tiago Cardoso, português à procura de conhecer investidores e startups nesta Web Summit, diz que, “por enquanto, não pagaria”. “Não sou um utilizador que compense pagar esse valor. Com mais uso, talvez um dia, sim.”
Já Patrick Arippol, fundador do fundo de capital de risco Alexia Ventures e orador na Web Summit esta quarta-feira, diz à Renascença que, apesar de ter a conta verificada na rede social, pagaria os oito dólares por mês.
“Sim, penso que sim. Não gosto da ideia, mas sim”, diz, acrescentando que, embora não seja um grande investidor em criptomoedas, o pagamento da rede social em cripto pode ser “algo positivo”.
Sobre o negócio de Elon Musk, Patrick diz que existe um “grande potencial”. “Não sei os planos dele, mas se ele quiser usar mais infraestrutura blockchain seria fantástico. Não sei até que ponto o acordo não é algo de natureza mais política, de maneira a parar a censura, mas é positivo ter o Twitter como um canal que as pessoas confiam e podem usar”, sublinha.
Karly Ribeiro, co-fundadora da SheerME, uma plataforma de marcação de serviços de beleza, confessa não ser muito ativa no Twitter e que não pagaria a mensalidade de oito dólares para ter a conta certificada por Elon Musk. “Neste momento o meu mercado é só Portugal e Brasil, por isso não pagaria. Mas assim que sair para a América do Norte, e aí sei que o Twitter é mais forte, então aí já pagaria.”
Com Elon Musk aos comandos do Twitter, a empreendedora brasileira acredita que a rede social não será igual.
Binance, o investidor no Twitter diz estar “pronto para ajudar”
No dia de abertura, o CEO da Binance, que também investiu no negócio, diz haver “muito espaço para crescer” na rede social, mas, para já, prefere dar tempo ao multimilionário. “Quero dar-lhe tempo para se se estabelecer, ainda tem muita gente para despedir”, brincou Changpeng Zhao.
Para fechar o acordo de compra o Twitter, Elon Musk recebeu um financiamento de 500 milhões de euros da Binance, a maior corretora de criptomoedas do mundo. Na Web Summit, o CEO desvalorizou a dimensão do investimento: “Temos menos de um por cento.”
Para o empresário, o dono da Tesla é a pessoa certa para transformar a rede social. Musk “sabe como liderar uma plataforma” como o Twitter, assegurou aos jornalistas. Ainda assim, prefere dar-lhe tempo. “Ainda agora chegou”, diz.
Questionado sobre se tem vontade de se juntar a um conselho de diretores, Changpeng Zhao diz que lhe é “indiferente”. “Se Musk me pedir eu vou, mas não é algo de que eu goste. Se ele pedir vou fazê-lo, mas não morro por isso”, afirmou.
Sobre ideias para novas funcionalidades que gostava que o Twitter tivesse, CZ revelou que espera, para já, o “mais básico”: que Musk passe a aceitar os pagamentos das subscrições em criptomoedas.
Na Web Summit 2022 haverá ainda a presença de um dos diretores demitidos por Musk: Patrick Pichette, que estará num painel esta sexta-feira.