O vereador do BE da Câmara do Porto defendeu esta terça-feira que a solução para os músicos do centro comercial Stop, onde centenas de lojas foram encerradas, "não poderia ser esta", acusando a autarquia de não dialogar ou apresentar alternativas.
"Isto não poderia ter acontecido", afirmou, em declarações à Lusa, Sérgio Aires, admitindo ter ficado "surpreendido" com a decisão do executivo.
Mais de uma centena de lojas do Centro Comercial Stop, muitas das quais transformadas em estúdios de música, foram hoje seladas pela Polícia Municipal "por falta de licenças de utilização para funcionamento", justificou a Câmara Municipal do Porto.
O vereador do BE, que se juntou às centenas de músicos do Stop que ocuparam a Rua do Heroísmo, defendeu que a solução "nunca poderia ser esta".
"Ainda há duas semanas, a Câmara do Porto distinguiu um conjunto de músicos e atribuiu medalhas de honra a um conjunto de músicos. O senhor presidente teve um discurso fantástico sobre a cultura e os músicos do Porto. O que está aqui é exatamente isso. Esta é a Casa da Música da cidade do Porto", referiu.
Sérgio Aires acusou a autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira, de não dialogar com os representantes dos músicos, de não apresentar "alternativas" ou "soluções".
"Não é possível que na nossa cidade uma coisa destas aconteça desta forma. O que está aqui em causa é o que vai acontecer a estas pessoas amanhã. Para onde vão? Para onde vão ensaiar? Alguns deles têm espetáculos marcados hoje, amanhã e depois. O que vai acontecer? Porque é que se fez isto assim? Que necessidade havia de fazer isto assim?", questionou.
Considerando que cabe à cidade "dar uma alternativa" a estes músicos, o vereador do BE defendeu que o Silo Auto - solução proposta pelo executivo aos músicos - "não faz sentido".
"É evidente que a solução do Silo Auto para qualquer pessoa com bom senso não faz sentido. Qualquer pessoa que sabe o que é uma sala de ensaios e a musica sabe que não faz sentido", considerou. .
Sérgio Aires afirmou ainda que "é sempre culpa da câmara quando uma parte importante da atividade cultural da cidade está em risco e a câmara não faz nada".
Centenas de músicos do centro comercial Stop ocuparam hoje a Rua do Heroísmo e obrigaram a polícia a desviar o trânsito automóvel para outras artérias da cidade.
Reunidos em plenário esta tarde, os músicos do Stop decidiram por aclamação convocar uma manifestação para segunda-feira, dia de reunião do executivo municipal, pelas 14h00.
A manifestação irá partir do centro comercial e tem como destino a Câmara Municipal do Porto.
O centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e diversas frações dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas.
A Lusa tentou obter uma reação da Câmara do Porto mas a autarquia não quis reagir.