O juiz de instrução criminal do Tribunal de Aveiro decretou hoje a medida de coação de prisão preventiva para cinco dos sete indivíduos detidos pela PSP no domingo, suspeitos de vários roubos violentos a residências de idosos.
Os detidos, com idades entre os 25 e 45 anos, foram presentes hoje a primeiro interrogatório judicial, tendo sido aplicada a medida de coação mais gravosa a cinco deles.
Dois dos arguidos ficaram sujeitos a apresentações diárias no posto policial da sua área de residência e proibição de contactos entre si.
As detenções resultaram de uma investigação iniciada em fevereiro de 2022 após um roubo ocorrido numa residência de um casal de idosos, em Aveiro.
O grupo, que tinha como alvo preferencial os idosos, é suspeito de ter realizado 19 roubos em residência (seis deles praticados com arma de fogo) e 18 furtos qualificados, em vários concelhos dos distritos de Aveiro e Coimbra.
Durante uma conferência de imprensa realizada esta manhã, o chefe Ricardo Botelho, da PSP de Aveiro, destacou a perigosidade e violência dos suspeitos, afirmando que "houve casos em que eles arrancaram brincos das orelhas das idosas".
"Pelos relatos que fomos ouvindo ao longo da investigação, pudemos perceber que estes indivíduos semearam o terror. As pessoas ficaram perturbadas. Muitas destas pessoas provavelmente nunca mais vão conseguir ultrapassar estes momentos de aflição que viveram", referiu.
O chefe Ricardo Botelho relatou ainda que, na maioria dos casos, os suspeitos "estudavam e reconheciam os alvos que pretendiam assaltar durante o dia ou mesmo durante a noite" e, após gizarem o plano criminoso, "entravam nas residências, arrombando portas e janelas, e ameaçavam as vítimas de morte para que indicassem onde estava o ouro, dinheiro e outros bens de maior valor".
Os suspeitos, que atuavam encapuçados e com luvas e vestidos de negro, utilizavam viaturas alugadas para não serem identificados e, durante os assaltos, usavam "walkie-talkie" e rádios para comunicarem entre si.
O mesmo responsável disse ainda que os detidos tinham uma rede de apoio à estrutura criminal, nomeadamente os recetadores, que recolhiam ou recetavam os materiais furtados.
Durante a operação policial, um dos suspeitos efetuou um disparo contra um militar da GNR que não chegou a atingir ninguém.
Segundo a PSP, nestes assaltos o grupo apoderou-se de bens com valor superior a meio milhão de euros.
Os detidos tinham antecedentes criminais por factos idênticos e alguns deles estavam a cumprir penas de prisão suspensa.
A "Operação Teia Dourada", que resultou de um inquérito desenvolvido pela esquadra de investigação criminal da PSP de Aveiro, decorreu no domingo em 11 concelhos dos distritos de Aveiro, Coimbra e Porto (Aveiro, Águeda, Lousã, Sever do Vouga, Oliveira do Bairro, Albergaria-a-Velha, Ílhavo, Vagos, Murtosa, Porto e Matosinhos).
Segundo a PSP, foi dado cumprimento a 37 mandados de busca e apreensão (em residências, estabelecimentos comerciais e veículos) e a sete mandados de detenção, que resultaram na detenção de sete homens, por suspeita da prática dos crimes de roubo e recetação, e na identificação de oito pessoas, que foram constituídas arguidas, pela suspeita da prática dos crimes de posse de arma proibida e recetação.
Foram ainda apreendidos centenas de objetos furtados, nomeadamente, 28 armas (12 das quais armas de fogo), centenas de cartuchos e munições, sete veículos automóveis, largas dezenas de peças em ouro, cerca de 200 mil euros em dinheiro, cerca de 300 gramas de estupefaciente (haxixe e liamba), dezenas de ferramentas elétricas e outras de construção civil, diversa maquinaria de apoio à agricultura, material de construção civil, eletrodomésticos de grande e pequeno porte, dispositivos eletrónicos e bens alimentares, entre outros.