​Militares estarão a subalugar casas do Estado a turistas. Ministro pede explicação
09-10-2018 - 15:54

Testemunhas falam de uma "entrada e saída contínua de pessoas de diversas nacionalidades" no edifício do Estado.

As casas do Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA) em Lisboa estarão a ser usadas como alojamento para turistas. De acordo com o "Diário de Notícias" (DN), o IASFA terá recebido queixas dos militares que vivem nos prédios sobre a entrada e saída de turistas.

Em entrevista ao DN, os moradores de um apartamento na zona da Boa Hora, entre Alcântara e a Ajuda, que fizeram queixa ao IASFA, terão dito que no prédio havia uma "entrada e saída contínua de pessoas de diversas nacionalidades". Afirmaram também que viam várias vezes trabalhadores de limpeza nos apartamentos, depois de os turistas saírem.

Os mesmos queixosos, que o DN diz serem dois sargentos e um cabo, terão dito ao IASFA que muitas pessoas acabavam por ter a chave para entrar no prédio, o que terá levantado questões relativamente à segurança.

O Ministério da Defesa desmentiu a notícia ao DN, mas uma fonte anónima citada pelo jornal afirma que as queixas já são conhecidas. "É preocupante, até porque tem a ver com o património da Ação Social Complementar", defende a mesma fonte.

A Renascença procura obter esclarecimentos adicionais sobre este caso, mas até ao momento ainda não obteve resposta.

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes disse, esta terça-feira, ter pedido esclarecimentos urgentes" ao IASFA e espera ter respostas do instituto até ao final do dia. O ministro falou numa cerimónia de apresentação da nova carta hidrográfica do Guadiana, em Ayamonte, Espanha. “Estamos perante uma situação que foi dada a conhecer ontem [segunda-feira] ao ministério e o ministério ontem solicitou ao IASFA] esclarecimentos urgentes, isto é, para hoje, sobre esta situação”, afirmou o governante.

Azeredo Lopes recordou, no entanto, que há “uma orientação fortíssima deste Governo” para “o mais depressa possível se conhecer totalmente e com transparência quem são os utentes, quais são as condições em que beneficiam de algo que é importante, quais são os preços que pagam, quais são os seus rendimentos”.

Este caso é revelado numa altura em que o Instituto de Acção Social das Forças Armadas vive um momento financeiramente delicado, com uma dívida acumulada de dezenas de milhões de euros.