Novo caso com Carlos Pereira levanta "suspeita gritante"
14-04-2023 - 08:06
 • André Rodrigues

O vice-presidente da associação Frente Cívica, João Paulo Batalha, considera que os factos são suscetíveis de investigação por alegada corrupção.

"A suspeita é gritante". É desta forma que o vice-presidente da associação Frente Cívica, João Paulo Batalha, classifica o alegado perdão parcial de um crédito de 66 mil euros contraído à Caixa Geral de Depósitos (CGD) por uma empresa de que o deputado socialista Carlos Pereira era avalista.

O deputado, que já está envolto em polémica, por causa da reunião prévia com Christine Ourmières-Widener - antes da audição parlamentar à ex-presidente executiva da TAP - foi relator da comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco do Estado entre 2000 e 2016, cujas conclusões foram conhecidas em julho de 2017.

Na altura, o relatório com as conclusões admitia "erros de análise" no processo de recapitalização da CGD, afastando a existência de pressões por parte de administradores do banco para a concessão de créditos problemáticos a figuras próximas de governos do PS.

Em declarações à Renascença, João Paulo Batalha, diz que os factos são suscetíveis de investigação por alegada corrupção.

"A suspeita é gritante e, portanto, as conclusões dessa comissão de inquérito em que ele [Carlos Pereira] diz que a Caixa não tem culpa de nada ficam, obviamente, sob suspeita, quando se sabe que existia esta relação de negócio que teve um desfecho favorável simpático, com um perdão parcial da dívida".

O vice-presidente da Frente Cívica diz não ter dúvidas de que "isto é muito grave e, de facto, justifica denúncias de eventual corrupção ou favorecimento que têm de ser investigadas".

Ainda sobre a polémica da reunião prévia com Christine Ourmières-Widener, antes de uma audição parlamentar, João Paulo Batalha diz não ter "memória de uma situação deste género" e considera "inaceitável e grave que deputados do PS e de outros partidos considerem esses encontros normais".

"Se é normal estas coisas acontecerem, têm acontecido sem os portugueses saberem. Não me choca que um grupo parlamentar que suporta uma maioria trabalhe com o Governo para preparar trabalhos e audições parlamentares. Se nos dizem que é normal falarem com pessoas que vão ser ouvidas no Parlamento no dia anterior, então isto é muito grave e há muito tempo".