Sucedem-se as reações políticas à demissão da secretária de Estado do Tesouro.
Alexandra Reis abandonou o Governo menos de um mês depois de ter tomado posse e pelo meio de uma grande tempestade política. O pedido de demissão, foi solicitado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.
O PSD aguarda explicações do primeiro-ministro sobre a demissão da secretária de Estado do Tesouro.
Miguel Pinto Luz questionou na última hora em conferência de imprensa como é que António Costa não sabia da rescisão de Alexandra Reis da TAP.
O vice-presidente social-democrata acusa o Governo de tornar as trapalhadas em normalidade e pede urgência em relação a uma posição de Costa.
“Numa situação tão crítica para o país, vemos um Governo sem autoridade política, a degradar-se todos os dias”, acusou.
Miguel Pinto Luz reagia à demissão da secretária de Estado do Tesouro, anunciada na terça-feira à noite, contabilizando-a como a nona saída no executivo liderado por António Costa, “com nove meses”.
O vice-presidente social-democrata disse que o partido aguarda “uma posição urgente, clara, exigida ao único responsável por todo este desgoverno, o primeiro-ministro António Costa”, acrescentando que “o PSD, através do seu grupo parlamentar, já pediu audições urgentes aos ministros em causa, mas também aos gestores públicos em causa, para o cabal esclarecimento de toda esta situação”.
Se Costa nao estiver à altura, PSD assume-se com alternativa
Miguel Pinto Luz deu ainda a entender que o Governo pode não chegar ao fim dos quatro anos e que se Costa não estiver à altura das responsabilidades, o PSD assume-se como alternativa.
“Se o Governo não souber rapidamente inverter este rumo de acontecimentos, não restará ao PSD outra alternativa que não assumir as responsabilidades históricas de um partido que nunca fugiu aos desafios mais duros pelo qual o país passou”, ameaçou.
Assinalando que o partido é pela “estabilidade governativa”, mostrou disponibilidade “para contribuir, como já o fizemos no desenhar, de medidas de apoio urgentes que se impõem para salvaguardar os portugueses”.
“Contudo, nunca deixaremos de assumir as nossas responsabilidades junto de Portugal, junto dos portugueses, porque o PSD nunca, por nunca se habituará nem nunca se designará”, avisou.
Demissão não chega
Inês Sousa Real, do PAN, considera que a demissão era esperada, mas não chega porque ainda há muitas explicações a dar.
“A demissão de Alexandre Reis não chega”, diz Inês Sousa Real, considerando que “é preciso que Fernando Medina e Pedro Nuno Santos venham prestar esclarecimentos para evitar que isto aconteça”.
“Não podemos pedir sacrifícios aos trabalhadores e depois, por outro lado, andar a pagar indemnizações desta monta a gestores de topo”, argumenta.
Segundo a líder do PAN, “há aqui dois pesos e duas medidas que não se coadunam com o facto e com a elevada responsabilidade de se tratar de uma empresa intervencionada pelo Estado”.
“E nesse sentido, achamos que esta demissão não encerra este capítulo. Tem que haver mais esclarecimentos e tem que haver, acima de tudo, consequências que evitem que isto voltar a acontecer”, defende.
Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, considera que há muitas explicações a dar sobre as falhas na gestão da TAP - e sobre a circulação de gestores entre empresas públicas.
No entender da bloquista, a demissão da secretária de Estado “era o mínimo que podia acontecer”.
“O que não quer dizer que o dossiê esteja fechado, abre uma caixa de Pandora, de falta de gestão, de má gestão, de falta de acompanhamento do que se passa na TAP”, explica.
Para Mariana Mortágua “é igualmente grave que se aceite esta circulação de gestores milionários entre empresas públicas, culminando finalmente no Estado com a nomeação por Fernando Medina de uma secretária de Estado que tinha este percurso”.