À porta de muitos centros de saúde, os utentes fazem filas que se estendem por vários metros. Vão à vacinação, a consultas ou tratamentos. Quando está bom tempo, ainda que desconfortável, espera-se. Mas, em dias de chuva e vento, fica tudo mais complicado.
“Não deixam a gente estar em mais lado nenhum. É aqui na rua. Há dias que é o caos”, queixa-se uma utente do centro de saúde da Amadora.
“Estamos todos descobertos. Isto é horas e horas aqui. Cheguei a passar aqui uma hora e meia de espera”, avança um outro, logo seguido por quem pede, “ao menos, uma tenda!”
Foi o que fez o centro de saúde dos Olivais, entre outros centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo, bem como do Norte do país. Tendas, toldos ou outras estruturas de proteção – nos Olivais, é um teto de cimento rodeada de plásticos – estão a ser montadas para proteger os utentes que não têm outro remédio senão esperar na rua pela vez de serem atendidos lá dentro.
E lá dentro, os profissionais esforçam-se por atender a todos. É que, para diminuir a afluência e as filas de espera, os profissionais de saúde estão agora atolados com trabalho eletrónico. Há falta de recursos humanos e o tempo não estica, sublinha João Brites Pereira, um dos coordenadores do centro de saúde dos Olivais, à Renascença.
"Temos pessoal que acaba por ser mobilizado” para outros local, como “os doentes respiratórios”, a que se junta “a necessidade de fazer acompanhamento através do Trace Covid”, explica.
“Muitas vezes, as horas na semana acabam por ser um bocadinho curtas para a quantidade de tarefas que temos a desempenhar”, desabafa.
Pascala Charondière, também coordenadora do centro dos Olivais, vai mais longe: "os profissionais de saúde continuam sobrecarregados e no limite do 'burnout'; temos uma sobrecarga enorme do nosso trabalho".
Por isso, todas as medidas que possam facilitar o trabalho são bem-vindas, o que inclui medidas de proteção dos utentes enquanto esperam pela sua vez. É uma maneira de contribuir para o conforto de todos.