A escritora e poeta Ana Luísa Amaral morreu na noite de sexta-feira, aos 66 anos.
A informação foi avançada pela Universidade do Porto (UP), onde a escritora foi professora, na Faculdade de Letras. “Faleceu durante a noite de ontem [sexta-feira], dia 5 de agosto, vítima de doença prolongada”, indica a UP, em comunicado.
A Universidade recorda Ana Luísa Amaral como “uma autora extraordinária, uma académica distinta e uma cidadã empenhada”.
“A sua obra literária irá certamente garantir que o nome de Ana Luísa Amaral perdurará para todo o sempre, mas quem teve o privilégio de a conhecer de perto terá a memória de uma pessoa generosa e uma ativista dedicada às causas da igualdade e da solidariedade social”, refere o reitor da UP, António de Sousa Pereira, citado na nota de pesar.
A também investigadora e professora da Faculdade de Letras da UP (FLUP) é recordada por António de Sousa Pereira como “uma autora extraordinária, uma académica distinta e uma cidadã empenhada”, lê-se na nota.
O Câmara do Porto já lamentou a morte da académica, que será homenageada e figura central na Feira do Livro do Porto.
A 28 de julho tinha sido anunciado que a Feira do Livro do Porto, que decorrerá entre 26 de agosto e 11 de setembro, nos Jardins do Palácio de Cristal, vai celebrar a poeta e tradutora Ana Luísa Amaral, e terá como mote “Imaginar e Agir”.
Ana Luísa Amaral foi recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana,.
"Lisboaeta de Leça da Palmeira"
Nascida em Lisboa, em abril de 1956, a escritora e professora universitária Ana Luísa Amaral, tradutora de romancistas e poetas, vivia em Leça da Palmeira desde os 9 anos e recebeu múltiplas distinções ao longo da carreira, estando, entre as mais recentes, o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, o galardão espanhol Leteo, da Direção de Ação e Promoção Cultural de Leão, e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, atribuído pelo Património Nacional de Espanha e a Universidade de Salamanca, que reconhece o contributo significativo de uma obra poética para o património cultural deste universo.
Ana Luísa Amaral, “uma das mais relevantes poetisas da atualidade”, aborda, na sua obra, traduzida para diversas línguas, “a memória e vindicação do feminismo português”, destacou o júri do prémio Vergílio Ferreira 2021, presidido pelo espanhol Antonio Sáez Delgado, que considerou a escritora “uma das mais importantes vozes das letras portuguesas das últimas três décadas”.
Há dois anos, a associação das Livrarias de Madrid deu o prémio de Livro do Ano, na área de Poesia, à edição espanhola de "What’s in a name", da escritora portuguesa.
Doutorada em Literatura Norte-Americana pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi professora, Ana Luísa Amaral soma dezenas de títulos de poesia publicados, desde “Minha Senhora de Quê” (1990), além de já ter escrito teatro, ficção e vários livros para a infância.
Este ano, a sua obra poética foi reunida em “O Olhar Diagonal das Coisas”, incluindo os mais recentes “Sopros”.
A obra de Ana Luísa Amaral encontra-se traduzida e publicada em várias línguas e países, tendo obtido numerosas distinções, como o Prémio Literário Correntes d'Escritas, o Premio Letterario Poesia Giuseppe Acerbi e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores.
A sua obra é editada em Portugal pela Assírio & Alvim.
Atualmente aposentada da docência, a poeta exercia as funções de membro da direção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, no âmbito do qual dirigia o grupo internacional de pesquisa Intersexualidades.
Na nota de pesar hoje divulgada, a UP recorda que Ana Luísa Amaral era estudiosa da obra de Emily Dickinson e referência internacional no campo dos Estudos Feministas, contando com uma importante obra realizada no campo académico, da qual se destaca o ensaio Dicionário da Crítica Feminista, em coautoria com Ana Gabriela Macedo.
O corpo de Ana Luísa Amaral estará em câmara ardente a partir das 17h00 deste sábado, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira.
O funeral realiza-se no domingo, às 11h15, no Tanatório de Matosinhos.