A Confederação Nacional de Associação de Pais (Confap) manifestou quarta-feira confiança nas autoridades de saúde, após o anúncio de que o encerramento de escolas será feito “caso a caso”, acreditando que esta seja “a melhor decisão”.
O Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou que só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas, devido à pandemia do Covid-19, por determinação das autoridades de saúde, anunciou Jorge Torgal, membro do conselho, após uma reunião deste órgão consultivo do Governo. Em conferência de imprensa conjunta, em Lisboa, após várias horas de reunião, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou que esta recomendação "faz sentido" e que o encerramento de escolas será feito de forma casuística "analisando o risco, caso a caso, situação a situação".
“Decidiram que o fecho [das escolas] não será necessário e só temos de respeitar e de confiar nas autoridades de saúde. O importante é garantir a segurança dos nossos filhos e esperamos que, tudo ponderado, esta seja a melhor decisão, a decisão que se justifica”, afirmou o presidente da Confap.
Jorge Ascenção admite que as organizações de saúde têm mais informação detalhada que os pais para terem recomendado o não encerramento de todas as escolas. “Temos de acatar essa decisão [não encerramento de todas as escolas] como sendo uma boa decisão. Vamos esperar por amanhã e ver o que o Governo decidirá, mas obviamente que deixará a decisão a quem tem a competência técnica para se tomar a melhor decisão”, disse o presidente da Confap.
Para Jorge Ascenção, a prioridade é a segurança dos alunos, mas reconhece que o encerramento das escolas preocupa as famílias. “Naturalmente que as famílias estão preocupadas. O encerramento das escolas implicaria outros sacrifícios e traria muitas implicações, desde logo ao nível da logística familiar, mas também no ano letivo, em termos pedagógicos. Mas a prioridade é a saúde das nossa crianças”, reiterou o presidente da Confap.
Diretores escolares criticam "não decisão" de fechar estabelecimentos
O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) criticou quarta-feira a “não decisão” da Direção-Geral da Saúde de encerrar as escolas casuisticamente, alertando para o perigo de disseminação do vírus que poderá obrigar “a decisões fundamentalistas”.
Para o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, o anúncio feito hoje é “uma não decisão”. “Eu acho que provavelmente não estão a tomar as decisões mais corretas atendendo à gravidade da situação”, disse Manuel Pereira, lembrando as conversas recentes com professores italianos que têm defendido que a situação no seu país poderia ser diferente se tivessem sido tomado medidas mais cedo.
Manuel Pereira recordou os apelos feitos por colegas italianos: “O que sistematicamente me dizem é que ´é preciso que em Portugal não cometam os mesmos erros que cometemos em Itália. É preciso não esperar que a situação fique incontrolável para tomar decisões mais fundamentalistas´. E o que está a acontecer é que aqui em Portugal corremos o risco de estar a tomar decisões caso a caso”.
Com o anúncio de casos de alunos e professores infetados durante o fim-de-semana, o presidente da ANDE defendeu a antecipação em duas semanas das férias da Pascoa, que estão marcadas para o final do mês. A ideia não foi recusada pelo primeiro-ministro, que remeteu uma decisão para o CNSP.
O representante dos diretores escolares lembrou que existem atualmente “duas pandemias” em Portugal: “A pandemia provocada pelo vírus e a pandemia provocada pelo medo” que, na sua opinião, pode ser tão grave como outras pandemias.
Manuel Pereira disse que já existe uma “a situação de pânico” nas escolas e que os primeiros sintomas de medo começam já a revelar-se um pouco por todo o país. “Em muitas escolas do pais, muitos alunos não vieram à escola por opção clara dos encarregados de educação que optaram por tomar decisões contingenciais em relação”, afirmou.
O presidente disse ainda que existe “uma situação de alarme e de muita intranquilidade na comunidade educativa”.
Para Manuel Pereira a decisão de antecipar em duas semanas as férias da pascoa seria uma forma de tentar quebrar a cadeia de transmissão do novo coronavírus e de acalmar a população, porque este não é apenas um problema das escolas mas “de todo o país”.