Novo volte-face nas negociações. E nova greve à vista, pouco tempo depois da crise de abastecimento de combustível em vários pontos de Portugal continental na altura da Páscoa.
Depois de a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) ter anunciado na manhã desta quarta-feira que o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas baixou a sua reivindicação salarial de 1.200 para 700 euros mensais, mais subsídios, ao começo da noite o vice-presidente do sindicato, Pedro Pardal Henriques, garantiu à TSF que o anúncio é "totalmente falso" e que os patrões do setor agiram de "má-fé" ao fazê-lo.
Assim sendo, Pardal Henriques avança também o rompimento das negociações, garatindo que os motoristas de matérias perigosas entrarão em greve, “por tempo indeterminado”, já a 23 de maio. "Não aceitamos esta forma de negociar. Estamos determinados para já a romper com as negociações da forma como estão", sublinhou.
Na terça-feira, recorde-se, o sindicato dos motoristas de matérias perigosas e a ANTRAM acordaram um pacto de paz social pelo prazo de 30 dias, ficando afastado, no imediato, um novo cenário de greve. A associação comprometeu-se, então, a dar uma resposta (em cima da mesa, de acordo com o assessor jurídico do sindicato, estaria uma proposta salarial "muito próxima" dos 1.200 euros) até final do mês, depois de consultar os seus associados.
O caderno reivindicativo dos motoristas incluía, além de uma remuneração base de 1.200 euros, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem do executivo fez com que representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18, definindo um calendário para o início das negociações, sendo a paralisação desconvocada de imediato.