O presidente da Assembleia da República afirmou ser sua obrigação cumprir o Regimento, explicando a crianças que visitavam o parlamento que, por vezes, "é preciso fazer uns ralhetes", depois de ser elogiado pela atitude com o Chega.
Na tarde do dia 25 de Abril, e como já vem sendo habitual, Augusto Santos Silva percorreu os vários espaços do parlamento, hoje de portas abertas até às 18h30, foi abordado para tirar "selfies", respondeu a perguntas de estudantes sobre o funcionamento da Assembleia da República e houve até um cidadão que lhe deu "os parabéns" pela forma como lidou com o episódio de hoje de manhã na sessão solene de boas vindas ao Presidente do Brasil, Lula da Silva.
Questionado mais tarde pelos jornalistas sobre estes elogios, ao mesmo tempo que falava com uma turma de alunos do primeiro ciclo, Santos Silva procurou dar uma resposta pedagógica.
"A minha obrigação é cumprir o Regimento, o Regimento é um livrinho que diz as regras que temos de seguir e eu tenho a responsabilidade de fazer com que toda a gente cumpra as regras. Às vezes, é preciso fazer assim uns ralhetes, dá-se uns ralhetes, como os vossos professores", explicou.
À pergunta se irá levar o tema - como outros incidentes passados com o partido de André Ventura, como já tinha prometido - à conferência de líderes de quarta-feira, Santos Silva preferiu deixar esse tema para outro dia.
"Está um dia tão bonito, é dia da liberdade, amanhã voltamos outra vez às agruras e a tratarmos dos problemas, hoje celebremos a liberdade", apelou.
Hoje, durante o discurso do Presidente do Brasil, na Assembleia da República, deputados do Chega levantaram-se e empunharam cartazes, onde se lia "Chega de corrupção", "Lugar de ladrão é na prisão" e outros com as cores das bandeiras ucranianas.
O Presidente do Brasil continuou o seu discurso durante mais alguns minutos, mas mal houve uma pausa, as bancadas à esquerda e do PSD aplaudiram entusiasticamente, enquanto os deputados do Chega batiam na mesa, em jeito de pateada, o que levou Augusto Santos Silva a intervir.
"Os deputados que querem permanecer na sala têm de se comportar com urbanidade, cortesia e a educação exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal", afirmou Santos Silva, visivelmente irritado.
Em meados de abril, e em resposta a uma interpelação do grupo parlamentar do PS, o presidente da Assembleia da República já tinha prometido levar à conferência de líderes "uma sucessão de comportamentos" em plenário que considera desafiarem o Regimento parlamentar, incluindo um incidente entre o Chega e a "vice" Edite Estrela.