O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Jake Sullivan confirmou esta semana que Washington e Moscovo continuam em contacto, após a Casa Branca ter desmentido informações de que Sullivan tem estado a liderar conversações secretas com a Rússia para evitar uma escalada nuclear da guerra na Ucrânia.
Questionado sobre alegadas discussões confidenciais com o seu homólogo russo nos últimos meses, Sullivan disse que "está no interesse" dos EUA manter contacto com o Kremlin, mas insistiu que as autoridades norte-americanas "têm uma noção clara de com quem estão a lidar".
Na segunda-feira, o "Wall Street Journal" noticiou que Sullivan tem mantido discussões confidenciais com o secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, e com o assessor sénior de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov.
Fontes disseram ao jornal que os três homens têm debatido nos últimos meses formas de evitar uma escalada da guerra para um conflito nuclear, mas sem negociar o fim da invasão russa da Ucrânia.
No mês passado, Sullivan tinha avisado que o potencial recurso a armas nucleares terá "consequências catastróficas para a Rússia", numa entrevista à NBC na qual assumiu também que "deixou claro" em discussões privadas com autoridades russas o alcance da potencial resposta dos EUA.
Contactada pelo WSJ, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, escusou-se a confirmar a história, dizedo que "as pessoas alegam muitas coisas". Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou os jornais ocidentais de "publicarem numerosos embustes".
Pelo contrário, a assessora de imprensa da Casa Branca, Karin Jean-Pierre, disse ontem que os EUA se reservam o direito a manter conversações com a Rússia. Já Jake Sullivan, tido como um dos poucos conselheiros do Presidente Joe Biden que continuam a defender discussões com Moscovo, disse que manter esse canal de comunicação aberto está "no interesse de cada país afetado por este conflito".
A notícia do WSJ segue-se a uma outra do "Washington Post" divulgada na semana passada a dar conta de que as autoridades norte-americanas estão a pressionar Kiev para que sinalize abertura para negociar com a Rússia e deixe de rejeitar publicamente qualquer discussão para acabar com a guerra enquanto Vladimir Putin for Presidente do país.
Sobre isso, Sullivan disse que a administração Biden tem "uma obrigação de responsabilização" e comprometeu-se a trabalhar com os parceiros internacionais para "responsabilizar os perpetradores de graves e grotescos crimes de guerra na Ucrânia"
"Estive em Kiev na sexta-feira e tive a oportunidade de me encontrar com o Presidente Zelensky e com o meu homólogo [ucraniano], Andriy Yermak, com a liderança militar, que me informaram sobre o nível de morte e devastação potenciadas pela guerra de Putin no país."