Mais de metade das instituições representadas pela Associação Nacional de Cuidados Continuados está à beira de fechar portas devido a dificuldades financeiras.
A denuncia é feita à Renascença pelo presidente da Associação, José Bourdain, que culpa o Estado pelo “subfinanciamento” das instituições.
A situação é “transversal às unidades de cuidados continuados do país inteiro”, adianta o responsável, que garante que são “muitas as instituições na iminência de fechar”.
A unidade de cuidados continuados de Aljezur é um dos exemplos. “A unidade tem um prejuízo de 12 mil euros por mês. Tem sido a Câmara Municipal a apoiar a instituição para que não feche portas, mas está na iminência de fechar”, revela.
Em causa está a falta de reforço orçamental do Estado que, segundo o responsável, não é atualizado há 10 anos. “Desde 2011 que não há aumentos nos cuidados continuados. O único aumento que houve foi em junho para as unidades de longa duração, mas, manifestamente, insuficiente”.
“Na pandemia, todo o setor da saúde foi reforçado em termos financeiros. Porque não deram um único cêntimo aos cuidados continuados? Então, não fazemos parte também da saúde?”, questiona.
Caso não haja uma mudança de política, o presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados acredita que se vão multiplicar os casos de insolvência de instituições e antecipa um cenário de “caos” no setor da saúde.
“Qualquer dia acordamos com um problema gravíssimo. Se no espaço de poucos meses fecharem imensas unidades vai ser o caos no setor da saúde. Os hospitais não vão poder escoar os doentes para as unidades de cuidados continuados, porque não há camas suficientes”, alerta.
A unidade de cuidados continuados Integrados da Associação de Solidariedade Social - Futuro de Garvão, em Ourique foi a mais recente unidade da rede de cuidados continuados a encerrar após insolvência. A valência, a funcionar com 30 camas, dava emprego a 40 pessoas.