Os cuidados de saúde materno-infantil estão em risco. A denúncia parte do presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul.
Em declarações à Renascença, João Proença denuncia a falta de “uma organização eficaz e de coordenação entre os serviços todos dos hospitais das zonas metropolitanas, nomeadamente da zona de Lisboa”, o que leva a que, muitas vezes, “os próprios bombeiros não sabem para onde hão de levar as pessoas que estão em trabalho de parto”.
Para o dirigente, a situação não se resolve com o pagamento de horas extraordinárias de forma diferenciada.
Trata-se “de um problema político global” que, segundo João Proença, tem a ver com a elaboração do acordo de empresa.
“Este Governo não pretende fazer um contrato coletivo de trabalho e prefere que as pessoas trabalhem de forma precária com tarefas e pagam quatro vezes mais”, lamenta João Proença.
A situação não só prejudica os serviços, mas “rebenta com a capacidade organizativa de dar resposta”, o que “é totalmente insustentável e irresponsável.”
Governo tem de ser responsabilizado
“Se acontecer alguma coisa mais nesta situação”, avisa o dirigente, “este Governo tem de ser completamente responsabilizado em termos de negligência, porque isto é penoso, insustentável e põe em causa a vida das pessoas, dos próprios médicos e dos utentes."
Para João Proença, é necessário um acordo coletivo de trabalho.
"O problema resolve-se criando uma obrigatoriedade de termos um acordo coletivo de trabalho em que os ordenados e as grelhas salariais sejam transversais e melhorem a qualidade de vida das pessoas”, considerou.
João Proença defende que o acordo não pode contemplar “mais de 24 horas de urgência por semana”, pois mais do que isto “é insustentável”. Só assim “temos mais capacidade para tratar não só dos doentes como da nossa família.”
“Nós não podemos viver a fazer 200 horas todas as semanas”, alerta o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul.