O professor Eduardo Paz Ferreira avisa que uma vitória republicana nas eleições intercalares dos Estados Unidos (EUA) pode ter consequências para a guerra na Ucrânia.
"É de temer o pior se isso acontecer. Claro que entre as promessas eleitorais e o que se faz não é a mesma coisa, mas que a ajuda económica à Ucrânia baixará muito, baixará", aponta, ouvido esta noite pela Renascença.
Muitos dos candidatos republicanos à Câmara dos Representantes e ao Senado contam com o apoio de Donald Trump - "um isolacionista que não tem preocupações com a defesa da Democracia", realça, ainda.
O professor catedrático da Faculdade de Direita da Universidade de Lisboa é o mentor da conferência “E depois das eleições intercalares dos EUA de 8 de novembro de 2022?”, que se realiza na noite desta terça-feira, na Culturgest, em Lisboa, e que vai acompanhar em direto a noite das eleições intercalares norte-americanas. Trata-se de uma organização conjunta do Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal – IDEFF da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Questionado, precisamente, sobre como serão os próximos dois anos do mandato presidencial de Joe Biden, Eduardo Paz Ferreira fala de um "ambiente de brutalidade na América muito grave" e um aumento "das tendências xenófobas".
"Joe Biden vai ficar muito limitado e até já se fala se não poderá haver melhor candidato para as Presidenciais de 2024", destaca também.
No entanto, o professor catedrático recorda que, por outro lado, tanto Bill Clinton como Barack Obama sofreram derrotas pesadas nas "midterms" antes de conseguirem a sua reeleição, dois anos depois.
"Pode ser que um excesso de triunfalismo e de violência dos republicanos ajudem Biden, mas também pode tratar-se apenas de wishful thinking", considera.
Eduardo Paz Ferreira nota que uma vitória de forças republicanas pró-Trump "é um caso especialmente grave".
"Se o poder americano é tolerante com a extrema-direita, então ela vai avançar muito", alerta.