O jurista Ricardo Nascimento, ex-presidente da Comissão Arbitral Paritária, considera que o regulamento disciplinar da Liga de Clubes permite castigar o Vitória de Guimarães, na sequência dos insultos racistas dirigidos, por adeptos do clube, a Moussa Marega.
O artigo 113 do regulamento prevê uma penalização aos clubes que promovam, consintam ou tolerem comportamentos racistas. Contudo, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol refere que é muito difícil provar que há consentimento da parte de um clube. Em declarações a Bola Branca, Ricardo Nascimento entende que a existência de um "simples comportamento omissivo" por parte do Vitória constitui prova suficiente de que existiu algum tipo de tolerância ao sucedido.
"Um clube não pode ficar indiferente a isto. Pode utilizar as instalações sonoras do estádio, pedindo aos adeptos para que cessem aquele comportamento, pode falar com o oficial de ligação aos adeptos, pedindo que a claque termine com isso, pode pedir às forças de segurança para que sejam identificados os adeptos que se estejam a portar mal", sustenta o jurista.
No entendimento de Ricardo Nascimento, a existência de medidas que podem cessar atitudes discriminatórias e a não concretização das mesmas mostra, desde logo, alguma indiferença do clube em relação aos comportamentos adotados por alguns dos seus adeptos.
O ex-presidente da Comissão Arbitral Paritária acredita que há uma conjugação de evidências que mostram que os insultos terão, efetivamente, ocorrido:
"A ser verdade o que vem noticiado de que há imagens de videovigilância dos adeptos a entoar insultos racistas e que começaram, inclusive, no aquecimento, isto é, numa fase prévia ao jogo, e a ser verdade o que vem no relatório da polícia, do árbitro e do delegado do jogo, já são muitos indícios de que houve aqui um comportamento impróprio dos adeptos."