Primeiros membros da equipa Trump vêm do "sistema" e da direita radical
14-11-2016 - 19:27

Reince Priebus e Stephen Bannon são os primeiros nomes que o Presidente eleito dos Estados Unidos escolheu para a sua administração. Nomeações causam incómodo nos democratas.

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O Presidente eleito, Donald Trump, convidou o presidente do Comité Nacional Republicano, Reince Priebus, para assumir a chefia do seu gabinete. Stephen Bannon, ex-director do site de notícias de direita radical Breitbart News, assumirá a estratégia da Casa Branca. A equipa do futuro Presidente dos Estados Unidos começa assim a ganhar forma, com a nomeação de um elemento que representa o “establishment” republicano e uma figura querida da comunidade de internautas conotados com a direita radical americana.

“É realmente uma honra juntar-me ao Presidente eleito Trump na Casa Branca”, disse Priebus. “Estou muito grato que o Presidente eleito me tenha dado esta oportunidade de o servir a si e à nação enquanto trabalhamos para criar uma economia que funcione para todos, fronteiras seguras, para revogar e substituir o Obamacare e destruir o radicalismo do terrorismo islâmico. Será um grande Presidente para todos os americanos."

Segundo a agência Reuters, a escolha de Reince Priebus para chefe de gabinete pode ser lida como uma vontade de reparar as relações com os membros do “establishment” republicano em Washington, dada a sua proximidade com Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes. Apesar de tudo, o nome de Priebus não é visto como surpreendente pelos analistas, sobretudo depois de ter estado debaixo de fogo por ter alinhado ao lado de Donald Trump e defendido o agora Presidente das críticas de alguns membros do Partido Republicano.

O chefe de gabinete do Presidente é das figuras mais importantes da administração norte-americana, uma vez que controla a agenda do Presidente e serve de filtro às solicitações que o chefe de Estado recebe.

Um outro nome que também surgiu nos últimos dias para ocupar o cargo de chefe de gabinete foi o de Stephen Bannon. O milionário, ex-oficial da Marinha e dono da Breitbart News Network, acabou por ocupar o cargo de chefe de estratégia e conselheiro da Casa Branca.

A direita "alternativa"

Bannon e o seu site ultraconservador tiveram um papel importante durante as eleições, com muitos dos seus leitores a pertencerem à chamada “alt-right”, uma comunidade predominantemente online que inclui neonazis, supremacistas brancos e anti-semitas, que apoiou fortemente Donald Trump.

“Quero agradecer ao Presidente eleito Trump esta oportunidade para trabalhar com Reince [Priebus] para conduzir a agenda da administração Trump”, reforçou também ex-banqueiro da Goldman Sachs, Stephen Bannon.

No site oficial do novo Governo, Donald Trump faz saber através de um comunicado que “Bannon e Priebus darão continuidade à equipa eficiente formada durante a campanha, trabalhando como parceiros iguais para transformar o governo federal, tornando-o muito mais eficiente, efectivo e produtivo”.

Do lado democrata não se fizeram esperar as críticas. A nomeação de Stephen Bannon foi a que causou mais controvérsia, com os democratas a apelidar o ex-director do Breitbart News de promotor de racismo e misoginia, apoiado por grupos de supremacia branca como o Ku Klux Klan. “As suas visões ‘alt-right’, anti-semitas e misóginas não pertencem à Casa Branca”, considerou o democrata Adam Schiff na rede social Twitter.

Resta agora ao Presidente eleito e à sua equipa de transição escolher o resto do seu gabinete e os chefes das agências federais.

Segundo a agência Reuters, entre os nomes que têm surgido nos média encontra-se Newt Gingrich, antigo presidente da Câmara dos Representantes, como possível secretário de Estado ou secretário da Saúde; Stephen Handley, antigo conselheiro de segurança nacional de George W. Bush, como possível secretário da Defesa; o antigo presidente da Câmara de Nova Iorque Rudy Giuliani como procurador-geral; e a antiga governadora do Alasca Sarah Palin como secretária do Interior.