O Supremo Tribunal de Espanha abriu uma investigação ao rei emérito Juan Carlos I pelo envolvimento do monarca num negócio com a Arábia Saudita, anunciou esta segunda-feira o procurador-geral.
O tribunal vai decidir se o monarca pode ser constituído arguido no caso depois de deixar de estar protegido pela imunidade que tinha até junho de 2014, quando abdicou da coroa em favor do filho Felipe VI.
"Esta investigação centra-se, precisamente, em estabelecer ou descartar a relevância criminal das ações que aconteceram depois de junho de 2014, quando o rei emérito deixou de estar protegido pela imunidade judicial", explica o procurador do Supremo Tribunal.
Em causa está o papel de Juan Carlos I na intermediação de um contrato ganho por um consórcio espanhol para construir a ligação de comboio de alta velocidade que liga Meca a Medina, na Arábia Saudita, em 2011.
A Casa Real espanhola ainda não reagiu a esta investigação ao rei emérito.
O monarca terá recebido uma doação de 65 milhões de euros da Arábia Saudita na sequência da sua intervenção no negócio, segundo a imprensa.
O rei de Espanha, Felipe VI, anunciou em maio que renuncia a qualquer futura herança a que tenha direito do seu pai, o rei emérito Juan Carlos, depois de serem reveladas supostas irregularidades financeiras envolvendo o ex-monarca.
A Casa Real espanhola publicou um comunicado em que informa que, para além de renunciar à sua herança, Felipe VI também retira a Juan Carlos as ajudas de custo anuais que este recebia.
Juan Carlos, de 82 anos, tornou-se rei em novembro de 1975 e foi o chefe de Estado espanhol até à sua abdicação, a favor do filho, em junho de 2014.