Em resultado das alterações climáticas, a temperatura tem subido mais do que era o habitual no nosso país. E é sensato prever que o calor irá aumentar nos próximos anos. Quais serão os efeitos no turismo?
No ano corrente não parece ter havido uma diminuição no número de turistas estrangeiros que nos visitam. Na Grécia sim, já se sente uma certa baixa nos visitantes. Não admira: o mais recente incêndio florestal, no Norte da Grécia, é o maior jamais registado na União Europeia; e os incêndios que desde julho deflagraram em território grego fizeram dezenas de mortos.
Portugal não teve no corrente ano grandes desastres ambientais, mas seria tolice pensar que estamos imunes a tais desgraças. O nosso país é geralmente considerado como fazendo parte da Europa do Sul; ora o que os “media” internacionais dizem é que o calor excessivo prejudicará essa área, beneficiando destinos turísticos mais a norte, nomeadamente no Báltico. Haverá, assim, na Europa – o continente mais visitado por turistas – alguma transferência de visitantes de Sul para Norte, sobretudo no Verão.
Naturalmente que não podemos pensar que, por causa do calor, turistas que habitualmente procuram entre nós as praias e o mar passariam a encaminhar-se para o interior. O calor é muito mais intenso no interior do país do que no litoral.
Talvez seja possível que uma ação coordenada das autoridades portuguesas com os agentes turísticos logre conseguir mais turistas fora da estação estival – em Março e Abril, por exemplo, bem como em Outubro e Novembro – para compensar a previsível baixa no Verão. Aliás, um período estival menos congestionado com brutais excessos de visitantes é, só por si, uma boa notícia para quem tem férias em agosto – como este ano se viu no Algarve.
Por outro lado, haverá que ter cuidado com as subidas de preços e a competitividade da nossa oferta turística. Os preços dos hotéis em Portugal continental subiram 70% em dois anos, contra um aumento geral de preços de 14%. Um “record” na zona euro, que suscita alguma preocupação.