Serviço de abastecimento de água perde por ano o equivalente a 73 mil piscinas olímpicas
04-03-2024 - 17:04
 • Renascença, com Lusa

A ERSAR aponta que a causa principal para estas perdas é o facto da "rede de abastecimento estar envelhecida", e que "falta investimento para a reabilitação".

O serviço de abastecimento público de água perde cerca de 184 milhões de metros cúbicos de água por ano, indica um relatório divulgado esta segunda-feira pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR). Representa o equivalente a mais de 73 mil piscinas olímpicas.

O Grupo Indaqua, gestor de abastecimento de água para consumo humano e saneamento de águas residuais, servindo mais de 810 mil pessoas, salienta em comunicado que quase um terço (27,1%) da água que entra nas redes de abastecimento é desperdiçada com roturas, avarias e desvios.

A ERSAR aponta que a causa principal para estas perdas é o facto da "rede de abastecimento estar envelhecida", e que "falta investimento para a reabilitação".

Em declarações à Renascença, a presidente da ERSAR, Vera Eiró, garante que "é possível fazer obras sem aumentar a fatura dos consumidores". O indicador relativo ao estado da rede de abastecimento apresenta "um dos piores resultados, em anos sucessivos".

A ocorrência de inundações na gestão de águas residuais mantém-se insatisfatória, devendo "ser implementadas medidas preventivas de manutenção e de reabilitação de coletores pelas entidades gestoras", diz-se no relatório da ERSAR, que sugere melhorias também para o setor da recolha e valorização de resíduos.

"Não é possível dizer qual é que é o número ideal, mas nós entendemos que ainda há espaço para algumas entidades poderem agregar e ganhar economias de escala, e, sobretudo, entendemos que há espaço para entidades gestoras que sirvam mais do que 20.000 alojamentos para se poderem tornar e formar os serviços numa natureza empresarial", disse Vera Eiró, à Renascença.

Tendo em conta a escassez de água no país, a ERSAR defende a necessidade de se criarem sistemas de produção de água residual tratada para reutilização, que, neste momento, são residuais.

"Verifica-se que ainda são poucos os sistemas que produzem águas residuais tratadas para reutilização em Portugal continental", constata o relatório da ERSAR, especificando que, contabilizando utilizações com licença, em 2022 apenas sete entidades gestoras produziram águas residuais tratadas para reutilização, correspondendo a 2,9 milhões de metros cúbicos, ou seja, a apenas cerca de 0,4 % da água residual tratada em estações de tratamento.