Marcelo exorta portugueses a mobilizarem-se contra o coronavírus
13-03-2020 - 11:47
 • Marta Grosso

Presidente lembra que noutros tempos de desafios de saúde pública, financeiros e sociais mais intensos, os portugueses souberam dar a melhor resposta, unindo-se.

Veja também:


O Presidente da República emitiu um comunicado, nesta sexta-feira, a apelar à resistência por parte dos portugueses face à pandemia de Covid-19.

"Nas horas essenciais, os portugueses unem-se, disciplinam-se, resistem, reforçam o seu querer e vencem. Assim será, também, desta vez", afirma Marcelo Rebelo de Sousa na nota publicada no site da Presidência da República.

“Portugal já enfrentou, ao longo da sua História, desafios de saúde pública mais graves do que este. Basta pensar na gripe pneumónica de há cem anos, com várias ondas de propagação, e que foi travada sem os meios e os recursos de hoje. Mas com custos muito elevados que temos de evitar desta vez”, afirma.

Marcelo lembra depois outros desafios, “financeiros, económicos e sociais ainda mais intensos à sua existência como Nação independente e soberana”, para reafirmar que “ultrapassou todos eles”.

E como conseguiu Portugal ultrapassar todos estes desafios? “Tudo por causa da sabedoria e da experiência dos Portugueses, que, nas horas essenciais, se unem, se disciplinam, resistem, reforçam o seu querer e vencem”, responde o Presidente.

“Assim será, também, desta vez”, conclui o chefe de Estado.

112 casos confirmados de infeção por Covid-19 em Portugal. O balanço mais recente foi feito nesta sexta-feira de manhã pela Direção-Geral de Saúde e representa um aumento de 34 doentes face a quinta-feira.


Os casos suspeitos também duplicaram, para 1.308, dos quais 172 aguardam resultado laboratorial. Há ainda 5.674 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Marcelo promete promulgar reforço de medidas

Se a situação o impuser, o Presidente da República defende a implementação de medidas mais duras do que as anunciadas na última noite/madrugada pelo Governo.

“O Governo anunciou ontem as medidas que entendeu estritamente necessárias e suficientes para esta fase da situação vivida em Portugal, na saúde, como na economia, no emprego e nos rendimentos.

Mas deixou também claro que, se mais medidas forem exigidas para salvaguardar os Portugueses, não deixará de as tomar. E, de facto, se a situação o impuser, essas medidas mais reforçadas deverão ser mesmo tomadas”, afirma no comunicado.

Marcelo Rebelo de Sousa lembra que “o surto de Covid-19, agora convertido em pandemia, pode ser mais intenso e duradouro do que a própria Organização Mundial de Saúde pensava”.

Enquanto no país de origem do surto, a China, “passados quatro meses, o processo não se encontra ainda encerrado, na Europa os dados recentes revelam não se confirmar que o pico foi atingido e que a desaceleração do processo já se tenha iniciado”, sublinha.

Serenidade e disciplina para um esforço maior

Nestas circunstâncias, o Presidente da República pede aos portugueses serenidade e disciplina, exortando à mobilização de todos e com um apelo para que evitem situações de risco e fiquem em casa sempre que possível.

“Quer isto dizer que o esforço de todos e de cada um terá de ser maior para enfrentar uma situação que pode ser mais grave e duradoura do que muitos especialistas diziam no começo do ano”, reforça.

Marcelo Rebelo de Sousa continua em isolamento por causa do novo coronavírus, mas garante que está a acompanhar “o processo par e passo” e avisa que é preciso evitar situações de risco para proteger os mais vulneráveis.

Aos “compatriotas internados – alguns dos quais conheceu nas últimas semanas” – o Presidente da República “envia uma palavra mais de solidariedade”, seja para os que estão a ser “tratados em casa, em vigilância ou em quarentena”.

O chefe de Estado agradece ainda, “renovadamente, ao pessoal de saúde, todo ele, a dedicação sem limites, que tem votado, semana após semana, e estende esse agradecimento aos muitos outros profissionais que já exprimiram a sua disponibilidade para colaborarem na missão comum”.

No plano político, o Presidente da República “saúda o sentido de Estado dos partidos e parceiros sociais” e garante que “promulgará ou tomará a iniciativa quanto a todas as medidas que for entendido serem imprescindíveis perante a gravidade da situação”.

Por fim, “pede aos portugueses que continuem mobilizados mas serenos, preocupados mas disciplinados, percebendo que só com paciência e contenção, cumprindo as medidas tomadas, evitando situações de risco e ficando em casa sempre que possível, pensando nos mais vulneráveis, sobretudo nestas próximas semanas, será possível criar condições para moderar e depois travar a pandemia e tratar, em unidades de saúde e em casa, os pacientes”.

“Tudo, cuidando, ao mesmo tempo, dos efeitos económicos e sociais, por forma a limitar a quebra no crescimento, no emprego e nos rendimentos das famílias, agora e nos tempos vizinhos. Isto, porque nos encontramos perante um duplo desafio: de saúde pública e económico e social”, termina.