Os médicos da região Centro iniciam esta quarta-feira uma paralisação de dois dias, que se junta à greve às horas extras nos cuidados de saúde primários, que ainda decorre, e à greve nacional de final de julho.
Em comunicado, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que convocou a greve, lamenta os constrangimentos que poderá causar, lembrando que não é possível manter a qualidade e segurança dos cuidados prestados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nem sua a sustentabilidade financeira, recorrendo "ao trabalho desumano dos médicos".
Esta greve na região Centro vem juntar-se à paralisação nacional que decorreu no final de julho, com uma adesão a rondar os 90% nos hospitais e cuidados de saúde primários, segundo o sindicato.
Paralelamente, desde o dia 24 de julho até 22 de agosto, decorre também uma greve às horas extraordinárias nos cuidados de saúde primários e hospitalares.
"Fomos obrigados a estas greves. Tudo fizemos por um acordo que dignificasse as condições remuneratórias dos médicos. E só avançámos para a greve após a data limite do calendário negocial de 30 de junho", refere o SIM, em comunicado.
O sindicato aponta igualmente os "anos de desinvestimento" e a "insensibilidade do Governo", sublinhando que "só após a greve nacional" foi apresentada pela tutela uma proposta negocial escrita.
"O SNS está pior. Consequentemente, os portugueses são obrigados a gastar as suas parcas poupanças para aceder aos cuidados de saúde que a Constituição consagra", considera o SIM, insistindo: "Estas greves são um grito de alerta para o colapso do SNS".
O SIM também já marcou para os dias 23 e 24 de agosto uma greve total dos médicos internos, que abrange todos os serviços e estabelecimentos portugueses onde estes profissionais de saúde. Para esta paralisação haverá serviços mínimos.
Segundo o SIM, a greve tem como objetivo levar o Governo a dar "uma resposta efetiva ao caderno reivindicativo sindical", e que seja apresentada pelos ministros das Finanças e da Saúde uma proposta de grelha salarial "que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década" e que posicione "com honra e justiça" toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na tabela remuneratória única da função pública.