A ministra da Saúde revelou, esta sexta-feira, que se prevê que a prevalência da variante Ómicron da Covid-19 em Portugal chegue aos 50% na semana do Natal e de 80% no Ano Novo.
Em conferência de imprensa de atualização da informação sobre a situação epidemiológica em Portugal, Marta Temido assinalou que "o esforço de todos tem estado a resultar". Contudo, salientou também que a mais recente variante do coronavírus representa "uma nova dificuldade".
"Até às 14h00 do dia 14 de dezembro, tinham sequenciados 59 casos desta variante, mas, com base no método de estimativa da presença da variante, sabemos que a prevalência desta variante ronda já os 20% sabendo-se que poderá ter uma prevalência de 50% na semana do Natal e prevalência de 80% na semana do final do ano", explicou.
“Importa olhar para países próximos. Reino Unido e Dinamarca registaram nos últimos dias recorde de casos diários. As curvas desses países são quase um arranha-céus. Isso preocupa-nos. Os próximos dias serão decisivos para perceber o impacto da variante Ómicron”, sublinhou, acrescentando que os próximos dias serão decisivos para se perceber o impacto desta nova variante.
Embora ainda se saiba pouco sobre a variante Ómicron, é certo que é mais transmissível do que as variantes Delta, ainda predominante em Portugal, e Alfa, com estimativa de duplicação de casos a cada dois dias em Portugal, embora também se verifique "uma aparente menor gravidade da doença e da consequente letalidade".
"Sabemos ainda que há uma aparente remissão da efetividade vacinal. Neste momento, a efetividade contra esta nova variante é de 70 a 75%. As vacinas ainda fazem o seu efeito protetor", assinalou Marta Temido.
Apesar das aparente redução da efetividade da vacina contra a variante Ómicron, e das dúvidas sobre a eficácia em termos de internamentos, a ministra referiu que, à meia-noite desta sexta-feira, tinham sido administradas mais de 2,2 milhões de doses de reforço. "Mais de 80% dos maiores de 80 anos estão protegidos", assinalou.
As novas aquisições de vacinas são da tecnologia mRNA. Aqueles que fizeram uma primeira vacina não mRNA "estão agora a fazer o reforço" com esta tecnologia vacinal.
Mais máscara, mais testes e mais vacinação
A ministra pede uma aposta forte no uso de máscara, na realização de testes antes de eventos especiais, na vacinação e no controlo de fronteiras por forma a evitar a propagação do vírus.
"O que já sabemos leva-nos a dizer que se a variante se transmite mais cada um de nós tem de fazer mais. Muitos casos, mesmo que com menor gravidade, originarão maior volume de pessoas com necessidade de internamento e eventuais óbitos. Neste contexto de incerteza precisamos de repetir e cumprir as lições aprendidas", vincou.
Marta Temido lembrou que as autoridades de saúde vão avançar com a vacinação de meninos com 9 e 10 anos, "que será muito importante, tal como a utilização de máscara e de testes, sobretudo em eventos sociais como aqueles que são associados ao Natal".
A "semana de 2 a 9 de janeiro não pode ser vista como uma semana de compensação, mas sim como um reforço do que formos fazendo até lá".
"Temos possibilidade de expandir a utilização de máscara. Ao contrário de outros países, mantivemos a utilização de máscara em espaços fechados, o que é uma condição essencial. A utilização de máscara é um valor que vale a pena preservarmos", acrescentou.
Além disso, confirma que adquiriram mais de 400 camas e reforçaram as respostas a problemas covid e não covid.
No contexto do que estão a observar, o Governo pondera alargar o número de testes gratuitos por pessoa, que está agora fixado em quatro por mês.
Nesta conferência de imprensa estão também João Paulo Gomes e Baltazar Nunes, investigadores do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.717 pessoas e foram contabilizados 1.211.130 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 77 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
A nível mundial, o novo coronavírus já provocou, pelo menos, 5.328.762 mortes desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.