O líder da organização SOS Racismo, Mamadou Ba, tem sido visado nas redes sociais pelo seu silêncio a propósito de incidentes ocorridos entre elementos de duas comunidades minoritárias, negra e cigana, no bairro da Cucena, em Paio Pires, concelho do Seixal, mas quebrou o silêncio na Renascença.
Frases como “Mamadou Ba e o Quaresma que falem sobre a trivela” chegaram ao conhecimento do responsável do SOS Racismo. Quando questionado porque razão não comentou os incidentes, responde que não vai “entrar neste lamaçal, porque a extrema-direita quer aproveitar-se deste incidente para criar animosidade entre as comunidades negras e ciganas”.
“Já reparou que as pessoas que me acusam nas redes sociais de não ter reagido são as mesmas que me criticaram por ter defendido as populações negras no Bairro Jamaica?”, questiona.
“A maior parte das reacções nas redes sociais que tenho visto, e me têm mostrado, é da extrema-direita. E é até curioso e caricato que a extrema-direita se transforme na defensora das comunidades negras, quando é a primeira a enxovalhar as comunidades negras."
Mamadou Ba rejeita a violência do passado domingo, quando uma desavença entre elementos das duas comunidades acabou com um desfecho trágico: um morto - um homem de 35 anos - e um ferido grave, com 50.
O incidente está a ser investigado pela Polícia Judiciária. Mamadou Ba pede justiça, embora reconheça não saber “se este é um crime racista".
"Mas é dado e adquirido que, se alguém cometeu um crime, independentemente da cor da pele, tem de responder pelos crimes que cometeu”, acrescenta.
O líder do SOS racismo admite que o incidente do passado domingo “deixa sempre marcas” e, por isso, lança o apelo "às comunidades negras e ciganas" no sentido que que "não podem transformar-se em inimigas mútuas, porque se há comunidades que são fustigadas pela discriminação são estas duas. ao longo da história. no nosso país",
"Do mesmo modo que as comunidades não podem elas mesmas aplicar a violência de que se queixam quanto à sociedade maioritária”, completa Ba.