A Vigararia de Cascais vai cumprir uma promessa feita no final do ano passado, quando o arcebispo iraquiano Bashar Warda esteve em Portugal a convite da fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Na altura, o pároco Nuno Coelho, de Cascais, ofereceu ao prelado uma imagem pequena de Nossa Senhora de Fátima que o deixou muito emocionado.
No decorrer de uma conversa, o padre Nuno Coelho, ao falar sobre o centenário das aparições, quis saber “se havia devoção a Nossa Senhora de Fátima lá entre os cristãos de Erbil. Ele disse que sim. Perguntei se tinha alguma imagem na catedral, ele disse que não. Perguntei-lhe se gostava de ter e ele quase que ia chorando de emoção à minha frente. Então, decidimos logo ali que havíamos de enviar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Tivemos que mandar fazer e ficou pronta agora nesta semana”.
No próximo domingo, no final da missa, o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, “irá abençoar a imagem de Nossa Senhora de Fátima, como os terços e dezenas que as crianças aqui da catequese, das paróquias à volta de Cascais fizeram também para enviar para as crianças do Iraque, lá em Erbil. Será um gesto também de unidade e oração pelos cristãos perseguidos”, explica.
A missa decorre no Hipódromo de Cascais a partir das 11h00. Uma hora antes começa a oração do terço.
A ocasião será ainda aproveitada para entregar cerca de 20 mil euros à fundação Ajuda à Igreja que Sofre para poder continuar a apoiar o trabalho desenvolvido pela Clínica de São José, em Erbil, no Curdistão Iraquiano, que auxilia perto de três mil pessoas que fugiram da ofensiva do Estado Islâmico.
AIS espera entregar tudo até Março
A imagem de Nossa Senhora vai ser entregue na catedral de Erbil com a ajuda da AIS. À Renascença, Catarina Martins Bettencourt lembra que “o arcebispo Bashar Warda quis levar o carinho, a paz e o amor que encontrou em Fátima para a sua catedral".
"Tenho a certeza que as pessoas de Erbil, os refugiados, vão acolher a imagem de Nossa Senhora com muita emoção e carinho”, afirma a responsável pela fundação AIS em Portugal, que espera “que no início do mês de Março já esteja tudo em Erbil”.
Junto com a imagem levarão os terços, as dezenas e os santinhos feitos pelas crianças da catequese da vigararia de Cascais, e também os donativos que foram recolhidos nas missas entre Setembro e Dezembro. O dinheiro vai ser canalizado para a clínica de São José.
A clínica, explica, funciona em “seis contentores, cada um com uma especialidade, e um deles é uma farmácia”. Nasceu por iniciativa de um jovem médico que quis ajudar os milhares de refugiados que ali começaram a chegar quando em Agosto de 2014 os radicais do autoproclamado Estado Islâmico ocuparam Mossul e grande parte da província do Nínive, onde vivia uma grande comunidade cristã. Conseguiu reunir um grupo de médicos voluntários que ali asseguram várias especialidades, incluindo medicina geral, ginecologia e obstetrícia, cardiologia, ortopedia e apoio psicológico e psiquiátrico.
A AIS contribui com um apoio mensal de 35 mil euros para esta clínica que “faz a diferença” juntos dos milhares de refugiados que ali vivem. A ajuda serve, sobretudo, para a compra de medicamentos.