Alexei Navalny declarou esta segunda-feira que o caso do seu envenenamento foi resolvido, após uma investigação ter indicado que o ataque de que foi alvo em agosto foi perpetrado por uma equipa de assassinos ligados ao FSB, os serviços secretos da Rússia, após o esquadrão o ter seguido durante vários anos.
O Serviço Federal de Segurança (FSB), principal sucessor doméstico do KGB da era soviética, ainda não reagiu às declarações. O Kremlin tem mantido desde o início que a Rússia não teve qualquer envolvimento na tentativa de homicídio de Navalny, um dos principais opositores e críticos do atual Presidente russo.
Em agosto, Navalny desmaiou a bordo de um avião na Sibéria, tendo sido hospitalizado em coma. Dias depois, foi transportado para um hospital na Alemanha.
A chancelaria de Angela Merkel diz que o opositor russo foi envenenado com recurso a um agente nervoso numa tentativa de o assassinar, com o apoio da maioria das nações ocidentais.
Dois sites de investigação, o "Bellingcat" e o russo "the Insider", publicaram esta segunda-feira uma investigação levada a cabo em parceria com a revista alemã "Der Spiegel" e o canal norte-americano CNN, que indica que elementos do FSB estarão por trás da tentativa de envenenamento.
Com base em registos de viagens e metadados e dados de geolocalização recolhidos de telemóveis, os jornalistas apuraram que Navalny foi seguido secretamente mais de 37 vezes nos últimos quatro anos por agentes da secreta "com treino especializado em armas químicas, química e medicina".
Esses agentes do FSB, indica o Bellingcat, "estiveram próximos do ativista da oposição nos dias e horas que precederam o seu envenenamento com recurso a uma arma química de nível militar".
"Dada esta série de coincidências implausíveis", conclui a investigação, "o ónus da prova parece recair exclusivamente sobre o Estado russo".
Ainda na Alemanha, Navalny diz que os investigadores que ele próprio contratou confirmam as informações apuradas pelo consórcio jornalístico e declara que o caso está resolvido, apesar da ausência de uma investigação oficial na Rússia.
"Eu sei quem me queria matar. Eu sei onde é que eles moram. Sei onde trabalham. Sei os nomes reais deles, os nomes falsos, tenho fotos", declara o crítico de Putin num vídeo divulgado online.
"Esta é uma história sobre um grupo secreto de assassinos do FSB incluindo médicos e químicos, sobre a forma como me tentaram matar várias vezes e como quase mataram a minha mulher numa instância."
Em 2016, Navalny anunciou que ia candidatar-se à presidência da Rússia em 2018 (eleições das quais acabaria por ser excluído com base numa tecnicidade burocrática) e foi para se "vingar" disso que Putin ordenou esta operação secreta, indica o opositor.
O Kremlin, que já sugeriu que Navalny trabalha para a CIA, continua a desmentir o envolvimento do Presidente no envenenamento do rival.