O Estado está depauperado nos seus serviços para que os cidadãos possam ter mais 60 euros por ano. É o que defende Paulo Rangel sobre a proposta do Orçamento de Estado. “Dizer às pessoas que vamos reduzir os passes ou as propinas, parece positivo”, reconhece o social-democrata. Mas diz que isso não pode implicar que os serviços do Estado fiquem depauperados. “Não faz sentido trocar essas benesses por estar mais meio ano à espera de uma consulta ou mais algum tempo à espera de uma cirurgia porque falta dinheiro ao orçamento do sector da Saúde”, exemplifica.
A remodelação
Quatro novos ministros e 15 novos Secretários-de-Estado levam Paulo Rangel a dizer que “o problema do roubo das armas de Tancos continua”. Não terá sido pela mudança do ministro que o problema se reslveu. Houve uma tentativa de ofuscar uma crise grave que afectou o Governo, mas “o próprio Primeiro-ministro não vai conseguir escapar à polémica e à necessidade de dar explicações”. O eurodeputado diz que, não estamos a fazer nada para aproveitar um clima positivo de crescimento económico e dá um exemplo: “Temos 19 países da UE à nossa frente em termos de crescimento”.
Para Fernando Medina, da família política do Governo, “António Costa conseguiu um grande efeito-supresa”. Para o socialista é normal estes processos de remodelação a meio do mandato. Não significam uma alteração de políticas, mas pode trazer novas dinâmicas e o Governo fica mais forte, defende.
Conselho Europeu sem acordo para o Brexit
Era suposto já haver um acordo para o Brexit, mas continuamos na mesma. Paulo Rangel diz que “é como aquelas pessoas que estão doentes e andam a medir a temperatura todos os minutos em vez de tirar duas vezes por dia”. A 15 de Setembro, recorda, “era evidente uma ruptura total e que não haveria qualquer acordo”. Mas diz que até acabou por ter um efeito positivo. Rangel diz que 95% das questões do divórcio (não as da relação futura) estão resolvidas. Mas “quando se chega à questão mais compliucada que é a da fronteira irlandesa, surge um impasse, que acontece pela incapacidade de Theresa May (devido às circunstâncias políticas que vive no Reino Unido) de resolver o problema”. O Governo inglês tem dificuldades em fazer passar o que quer no Parlamento, porque nunca consegue uma maioria. Para além disso, a Itália ameaça bloquear as negociações com o Brexit por causa das exigências que está a fazer. “Todas as soluções são possíveis e, por isso, é priudente a estratégia que os ingleses já tinham entre ma~so que é a saída sem acordo da UE, mas que pode ser prejudicial até para todo o mundo”.
“É mais fácil imaginarmos a hipótese de não haver acordo” vai avisando Medina, para que nos preparemos para o pior cenário. O socialista prevê “o caos em todos os domínios, desde a circulação aérea aos sistemas de pagamento, passando pelas trocas comerciais, o funcionamento dos multibancos ou a situação dos cidadãos europeus no Reino Unido e vice-versa”. As consequências podem ser graves, mas sobretudo para o Reino Unido que é mais pequeno que o resto dos parceiros todos juntos. Vai ser preciso um enorme sentido de estado sobre os direitos das pessoas para se normalizar uma situação caótica rapidamente”, prevê. Medina não se mostra muito optimista,sobretudo sobre as condições do pós-acordo porque há um problema básico: “toda a campanha do Brexit e do Governo britânico se baseou numa mentira” que era a de que os britânicos iam conseguir manter o mesmo tipo de relações comerciais, “a livre circulação de bens e capitais, sem manter a livre circulação de pessoas”.
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