Ao fim da primeira segunda-feira de outubro, são seis os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com encerramentos de especialidades nos serviços de urgência. As ruturas nos serviços devem-se à recusa dos médicos em realizar mais do que 150 horas extraordinárias previstas na lei.
O Hospital de Barcelos viu-se obrigado a encerrar a especialidade de Cirurgia no Serviço de Urgência durante todo o mês de outubro. 52 médicos apresentaram a minuta em que recusam trabalhar além das 150 horas extraordinárias, o que também está a causar dificuldades nos serviços de Ginecologia e Obstetrícia.
Para os barcelenses, a alternativa é o Serviço de Urgência do Hospital de Braga, a cerca de 30 quilómetros. O presidente da Câmara de Barcelos pediu soluções ao Governo e apelou aos médicos para ponderar sobre esta forma de luta.
Em Chaves, a Urgência Pediátrica do hospital encerrou esta manhã, e apenas vai abrir daqui a uma semana, no dia 9 de outubro. Nuno Vaz, autarca local, exigiu "soluções estáveis para o futuro".
Numa situação semelhante está o Centro Hospitalar Barreiro Montijo. O bloco de partos e a Urgência Obstétrica também estão encerrados até dia 9 de outubro - quem precisar deve ir ao Hospital de São Bernardo, em Setúbal, ou ao Hospital Garcia de Orta, em Almada.
O Hospital de Leiria é outro dos afetados. A urgência de Cirurgia vai estar encerrada nos fins de semana de outubro, e vai funcionar no mínimo - apenas com dois especialistas - durante a semana.
Na Guarda, as urgências vão estar sem especialistas de Medicina Interna entre o feriado de 5 de outubro e o fim de semana. As escalas para os dias não preveem a presença de qualquer médico internista na Unidade Local de Saúde da Guarda. O autarca da Guarda apelou ao "sentido de responsabilidade" de todos os intervenientes.
Também o Hospital de Aveiro foi afetado. No entanto, a urgência de Ginecologia/Obstetrícia e o bloco de partos estão encerrados apenas durante a noite desta segunda-feira.
De acordo com a Ordem dos Médicos, cerca de 25 hospitais começam a ficar em dificuldades este mês devido à recusa dos médicos em trabalhar além das 150 horas extraordinárias obrigatórias. Carlos Cortes, bastonário da Ordem, diz que é o trabalho extra em cima do trabalho extra que coloca em risco o atendimento devido aos doentes.
Esta segunda-feira, o ministro da Saúde reconheceu que o SNS "não vai funcionar" se os médicos continuarem com esta greve às horas extraordinárias.
"Nos últimos 44 anos, desde que existe Serviço Nacional de Saúde, só foi possível que as urgências funcionassem porque os médicos aceitaram fazer um número muito elevado de horas extraordinárias, que eu reconheço que são muito penosas para a sua vida pessoal, mas que são indispensáveis”, declarou Manuel Pizarro aos jornalistas.