António Costa defendeu esta terça-feira as críticas que fez no passado fim-de-semana ao processo de encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos.
No domingo, falando durante a campanha para as autárquicas, António Costa disse que “é difícil imaginar tanto disparate” como o que foi feito naquela altura pela empresa.
As palavras de Costa foram muito criticadas, incluindo por Isabel Camarinha, da CGTP, que classificou como “uma vergonha” aquilo que compreende ter sido uma inversão de posições do primeiro-ministro.
“Agora, vem o primeiro-ministro dizer que realmente aquilo prejudica muito a economia nacional, quando disse o seu contrário, não há muitos meses atrás. É vergonhoso e o Governo devia ter vergonha de fazer afirmações destas quando não fez nada para impedir que a refinaria de Matosinhos encerrasse”, disse a sindicalista, na segunda-feira.
Esta terça-feira António Costa defendeu as suas palavras, dizendo que as críticas se devem às eleições. “Essas palavras só existem porque estamos a poucos dias das eleições, porque as pessoas sabem bem qual é o esforço e qual tem sido a definição do que temos feito.”
António Costa diz que o problema não foi o encerramento da refinaria, mas sim a forma como o processo foi levado a cabo. “Portugal é, felizmente, dos países que tem feito um esforço maior para assegurar a sua neutralidade carbónica, mas também essa transição para a neutralidade carbónica tem de ser feita de forma a assegurar as pessoas. Isso significa que temos de investir na formação profissional, para as pessoas poderem ter outras oportunidades de trabalho, investir na criação de emprego e, sobretudo, ter uma noção clara do que se vai fazer a seguir. Foi tudo isso que falhou nesse caso, felizmente não tem falhado noutros, e é nisso que temos de continuar a trabalhar.”
“Aquilo que está em causa em Matosinhos é precisamente o facto de a transição ter sido feita com total desprezo daquilo que são a proteção social e a necessidade que temos de criar condições. O grande tema da nossa cimeira social durante a presidência portuguesa foi precisamente esta, de criar um pilar social forte, que dê apoio a esta dupla transição climática e digital, que inevitavelmente tem feridas e tem dor, agora, essa dor tem de ser devidamente trabalhada e não deixada ao Deus dará, como foi nesse caso. Essa é que foi a crítica”, concluiu o primeiro-ministro.