O comentador considera que não houve campanha eleitoral, admitindo, no entanto, que talvez tivesse havido “nos pequenos centros em que os candidatos, mais do que adversários ou mais do que inimigos, são irmãos ou são primos ou são da mesma família e odeiam-se cordialmente e insultam-se”.
“Nos grandes centros não houve”, afirma Henrique Monteiro, explicando que o que se viu foi o primeiro-ministro a falar do PPR, o líder da oposição, a dizer que o primeiro-ministro não devia falar tanto do PPR e que está convicto que vai ganhar coisas. Depois, o Partido Comunista a tentar salvar o que há e a fazer uma certa pressão à volta do plano orçamental, o Bloco de Esquerda a dizer que o que é preciso é haver dinheiro e o PAN e os outros mais pequenos a quererem coisas”.
Já sobre a decisão da Comissão Nacional de Eleições que arquivou a queixa apresentada da Coligação “Funchal Sempre à Frente", contra António Costa, por insistir falar no Plano de Recuperação e Resiliência na campanha autárquica, o comentador fala em desigualdades de tratamento.
“Acho que neste ponto, a CNE tem razão, porque as eleições servem para as pessoas dizerem o que fizeram, o que deixaram de fazer. O que não me parece normal é a CNE ter atuado de forma diferente noutros casos”, exemplificando com o caso de Isaltino Morais que foi obrigado a retirar cartazes.
“Há uma falta cabal de explicação, quando se atua ou não atua”, constata o comentador, questionando, por exemplo, se, “quando uma ministra vai numa viatura oficial do Estado para um ato de campanha eleitoral, isso não é utilizar meios que não estão à disposição de outros candidatos”.
“Há uma desigualdade de meios, que é aquilo de que é acusado Isaltino e, se calhar, é uma desigualdade de meios, o que o Isaltino faz, mas não há desigualdade maior de meios do que um primeiro-ministro ir de Lisboa a Cascais a prometer que há mais comboios por hora”, remata.