O Sindicato Independente dos Médicos e Federação Nacional dos Médicos reúnem-se a esta hora com o ministro da Saúde para debater a proposta de aumentos salariais de 1,6% - proposta já considerada dececionante pelos clínicos.
Na última semana, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) garantiram que só estariam presentes na ronda negocial conjunta se recebessem antecipadamente a proposta governamental, o que aconteceu na madrugada de quinta-feira.
Joana Bordalo e Sá, da Federação Nacional dos Médicos, diz que “com as medidas que do que nós analisámos ainda de forma muito genérica, é muito preliminar. Seguramente não vai trazer mais médicos para o Serviço Nacional de Saúde”.
“O senhor ministro não é verdade que está empenhado em todo este processo. Nem tão pouco é verdade que está a fazer de tudo para que haja médicos no Serviço Nacional de Saúde. A proposta foi entregue apenas a mais pouco mais de 24 horas da desta reunião. Nós iremos analisar, iremos entregar uma contraproposta em tempo útil”, remata.
O SIM já considerou que a proposta de aumentos salariais de 1,6% "não faz sentido nenhum", alegando que os médicos tiveram uma redução do poder de compra superior a 20% nos últimos 10 anos.
“A proposta do Governo apresenta medidas que tornam mais penoso trabalhar no SNS parece impossível depois de nós termos 11,8 mil milhões de euros de impostos cobrados o ano passado, e depois de toda a conversa de amor ao Serviço Nacional de Saúde, é perfeitamente inqualificável que isso assim aconteça”, critica Jorge Roque da Cunha, do SIM.
O sindicato, que convocou a greve de três dias dos médicos que decorreu esta semana, adiantou ainda que pretende apresentar uma contraproposta, criticando o Ministério da Saúde por só formalizar a sua proposta após cerca de 14 meses de negociações.
Também a FNAM, que já marcou uma nova greve para terça e quarta-feira, lamentou que apenas tivesse recebido o documento do ministério "com pouco mais de 24 horas de antecedência relativamente à reunião" desta sexta-feira, em que estará presente apenas "para registar presencialmente a entrega da proposta e dar conta da sua posição".
"Não faremos qualquer análise parcelar da proposta até que tenhamos uma apreciação global para todos os médicos", adiantou a federação, ao avançar que apresentará "em tempo útil" uma contraproposta ao ministério.
Na quinta-feira, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, avançou que a proposta enviada aos sindicatos incide na generalização das Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B e no novo regime de dedicação plena, alegando que estas são as prioridades do Governo para melhorar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.
No mesmo dia, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, garantiu que está empenhado num diálogo construtivo com todos os profissionais de saúde, o qual, defendeu, deve ser feito na mesa das negociações e não na comunicação social.
O protocolo negocial assinado em 2022 entre os sindicatos e o Governo previa inicialmente que as negociações ficassem concluídas até final de junho, mas já foram realizadas mais três reuniões desde então.